Presidência gastou R$ 35,2 mil com enxoval na gestão de Bolsonaro

Segundo dados do portal da Transparência do governo federal, a Presidência da República comprou enxoval de lençóis e toalhas durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL).

Michelle Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

O portal aponta gastos de R$ 35.224,66 com 700 itens como roupa de cama e banho. Em entrevista exclusiva à CNN na segunda-feira (17), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) havia declarado que usou enxoval próprio enquanto morou no Palácio da Alvorada.

De acordo com Michelle, o enxoval do Palácio datava do governo de Fernando Henrique Cardoso, que deixou o poder em 2003. Segundo ela, uma pessoa de sua confiança a alertou para que ela não comprasse nada novo, pois seria uma armação para falar que ela havia “saído de Ceilândia para comprar lençol de seda e viver no luxo em Brasília”.

Por conta disso, ela afirmou à CNN que havia decidido usar suas próprias coisas ao invés de abrir uma licitação para adquirir novos bens. No entanto, os registros oficiais demonstram que a Presidência comprou os itens com dispensa de licitação.

De acordo com a listagem da Controladoria-Geral da União (CGU), em julho de 2020, a presidência gastou R$ 14.578,06 com jogos de lençol para cama de casal super king, colchas, edredom, cobertores, fronhas, travesseiros, tapetes de banheiro e toalhas para piscina. A compra totaliza 100 produtos.

Seis meses depois, a presidência da República comprou 600 itens por R$ 20.646,60, entre lençóis para cama de solteiro, colchas, fronhas, edredons e toalhas.

A ex-primeira-dama se manifestou novamente sobre o assunto nos stories do seu Instagram nesta terça-feira (18).

“Eu optei por usar os meus lençóis. Em 2020 a administração fez uma licitação para repor o enxoval que estava precário para as duas casas, Alvorada e Granja do Torto, incluindo o staff. Os funcionários que dormem no Alvorada e estavam sem toalha, sem lençóis”.

Em seguida, Michelle publicou uma série de vídeos e fotos no Alvorada em 2020 e 2021, mostrando lençóis coloridos e estampados que, segundo ela eram seus, já que o padrão do Palácio do Alvorada era enxoval branco.

Ela também gravou um vídeo de seu quarto atualmente, mostrando alguns móveis pessoais que antes estavam em seu quarto no Alvorada e agora seguem com ela, como uma chaise e uma mesa de cabeceira.

A ex-primeira-dama também publicou a captura de tela de um e-mail enviado por um dos funcionários do Palácio da Alvorada, que pedia que a retirada dos militares que atuaram durante a gestão de Bolsonaro ocorresse simultaneamente ao início dos novos funcionários, para que fossem “passadas todas as informações necessárias” e evitar que serviços fossem “descontinuados”.

83 móveis não foram localizados após a troca de governo

No domingo (16), Michelle publicou vídeos em suas redes sociais para rebater as alegações da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) do governo Lula, que afirma que 83 mobílias não foram localizadas após a troca de gestão presidencial.

Na segunda-feira (17), ela voltou a afirmar, em entrevista exclusiva à CNN, que não houve diálogo entre os funcionários do Alvorada da nova gestão e da antiga.

“Me acusam de furto, mas o que faltou foi uma transição”, disse a ex-primeira-dama. Ela disse que seu administrador foi expulso sob escolta e que todos os seus funcionários foram convidados a se retirar. “Se tivesse tido uma troca, uma conversa, não haveria dúvidas sobre onde estava e qual o estado do mobiliário do Palácio quando nós chegamos.”

Ela disse que entrou em contato com o administrador que trabalhou para eles no início do mandato e ele informou que todos os móveis que foram retirados para dar espaço a mobília pessoal da família Bolsonaro – a cama de casal, mesas de cabeceira e uma poltrona – estavam guardados de depósito número 4, conhecido como “depósito da lancha”, e se houvesse algo mais faltando, estaria no depósito número 5.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo