Em julho de 2016, a Nissan lançou o Kicks. Oferecido inicialmente apenas na versão topo SL e a série especial “Rio 2016”, o SUV não tinha gama tão ampla quanto seus concorrentes, principalmente em versões mais acessíveis. Mesmo assim, conseguiu brigar pela terceira posição do segmento em vendas. Mais tarde veio a SV Limited, menos equipada, mas a diferença de preço para a SL ainda era pequena.
Isso muda com a nacionalização do Kicks. Agora produzido em Resende (RJ), junto com March e Versa, adiciona novas versões com preços atraentes. Andamos na de entrada, a S, com o câmbio CVT e na inédita configuração com câmbio manual durante o evento de lançamento da linha 2018 do SUV. Ele agora está de olho na liderança da categoria com a linha completa e a abertura de vendas para o público PCD numa versão específica.
O que é?
A grande novidade da linha é a chegada do Kicks com câmbio manual. O motor é o conhecido 1.6 de 114 cv, agora aliado a uma caixa de 5 marchas para quem prefere este tipo de transmissão – ou quer gastar menos. Visualmente, as principais diferenças são a ausência dos faróis de neblina e as rodas de ferro com calotas de 16″. Na versão CVT, as rodas também são de 16″, mas de alumínio emprestadas da versão Unique do Versa.
O Nissan Kicks brasileiro manteve a boa construção do modelo mexicano e mudou poucos detalhes, como a luz de teto e a tampa de proteção do compartimento do porta-malas – perdeu somente o estepe de alumínio e a pintura do cofre do motor. Para manter a qualidade do modelo importado, a fábrica de Resende passou por diversos aprimoramentos e treinamento dos funcionários.
Como anda?
Começamos com a versão S CVT, praticamente o mesmo carro testado por nós anteriormente e que sempre agradou por seu conforto e agilidade, apesar do motor menor que o da concorrência. Rodando, a maior diferença é um pouco mais de suavidade, já que as rodas de 16″ usam pneus de perfil mais alto que as 17″ das versões mais caras, e eles ajudam na absorção de impactos. Por dentro, quem conhece o Kicks percebe de cara que ele perdeu o couro do volante (mas manteve o desenho) e o painel de instrumentos troca a tela de 7″ por uma menor, mas ainda com as informações do computador de bordo. Já o conta-giros passa a ser analógico nas versões de entrada. A chave deixa de ser presencial, mas não é tão simples quanto a de March e Versa, usando uma do tipo canivete.
O acabamento segue o mesmo padrão da SL, com bons materiais, tecido nas portas e encaixes corretos. Os bancos são confortáveis, do tipo “Zero Gravity”, com tecidos que não aparentam economia de custos. O sistema de som, mesmo não sendo multimídia, possui porta USB, Bluetooth e controles no volante. O Kicks S CVT vem de série com conjunto elétrico, direção elétrica, ar-condicionado, fixação Isofix, assistente de partida em rampas e os controles de tração e estabilidade.
Mas a versão mais concorrida do evento era a S manual. Se com o câmbio CVT o Nissan já se destacava, com o manual era esperado que fosse mais divertido e prazeroso de dirigir. E foi o que realmente aconteceu. Primeiro, ele é 20 kg mais leve que o S CVT (apenas 1.109 kg), o que já garante mais agilidade ao crossover. Segundo, o escalonamento do câmbio, curto, ajudou principalmente nas simulações de acelerações que fiz no limitado percurso do teste. Em um gráfico, a Nissan mostrou que a entrega de torque e potência do Kicks acontece desde cedo, antes mesmo do que o March e Versa, justamente para agradar ao público brasileiro.
Os engates do câmbio são como os do March e Versa 1.6, bem justos e precisos. A embreagem é leve, com curso que permite achar o ponto exato sem dificuldades. A posição da alavanca também é boa, colaborando na ergonomia. A dinâmica do Kicks é a mesma, bem acertado e com estabilidade digna de um hatch, mesmo sendo mais alto.
Quanto custa?
Começando com o básico, o Kicks S manual sai por R$ 70.500, já com itens como ar-condicionado, direção elétrica, conjunto elétrico, som com USB e Bluetooth, fixação Isofix, computador de bordo e rodas de 16″ com calotas (presas apenas por pressão, então cuidado onde estaciona). O pacote com controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas custa mais R$ 1.200, chegando aos R$ 71.700. Vale a pena.
O Kicks S CVT custa R$ 79.200. Pode parecer muito a mais, mas o pacote de segurança é item de série, além das rodas de 16″ de alumínio. Abaixo dos R$ 80.000, ele é mais barato que as versões de entrada com câmbio automático de Honda HR-V (R$ 86.800), Renault Captur 1.6 CVT (R$ 84.900) e Hyundai Creta 1.6 (R$ 85.740), por exemplo.
Fato é que a Nissan acertou com as novas versões. Ampliar a oferta aos compradores e faixa de preços, além de oferecer maior abastecimento da rede e opção para o público PCD, pode sim o colocar o Kicks na briga pelos lugares de cima do segmento. E por merecimento.
Nissan Kicks S (manual/CVT) 2018 |
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Motor | Dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.598 cm3, duplo comando variável na admissão, flex |
Potência/Torque | 114 cv a 5.600 rpm / 15,5 kgfm a 4.000 rpm |
Transmissão | Automática CVT/manual de cinco marchas; tração dianteira |
Suspensão | Independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
Rodas e Pneus | Aço (liga-leve na CVT) aro 16″ com pneus 205/60 R16 |
Freios | Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD |
Peso | 1.109 kg (MT) e 1.129 kg (CVT) em ordem de marcha |
Dimensões | Comprimento 4.295 mm, largura 1.760 mm, altura 1.590 mm, entre-eixos 2.610 mm |
Capacidades | Tanque 41 litros; porta-malas 432 litros |
Preço | R$ 70.500 (MT) e R$ 79.200 (CVT) |