Nesta semana, o Projeto Artesania, realizado pela FCMS *Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), vinculada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), ofereceu oficina especial no Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto, Aberto e Assistência à Albergada de Campo Grande. A atividade, focada na técnica japonesa de crochê em amigurumi, foi conduzida pela artesã Alexandra Ferreira Sampaio.
A artesã explicou que a turma foi dividida em dois grupos, considerando que algumas participantes nunca haviam tido contato com o crochê. “Elas aprenderam desde o primeiro ponto e conseguiram avançar. O importante foi entender que a perfeição vem com o tempo. Os primeiros trabalhos podem não sair perfeitos, mas o foco está na persistência e na evolução individual, sem comparações com colegas mais experientes”, destacou Alexandra.
Segundo ela, o amigurumi é uma técnica terapêutica e promissora para as internas. “Trata-se de criar bichinhos, bonecas e outros objetos em miniatura por meio do crochê. Durante a oficina, elas podem relaxar, esquecer os problemas e aprender algo novo. Além disso, essa habilidade pode ser transformada em uma fonte de renda, permitindo que produzam e vendam seus trabalhos ao saírem do presídio, conquistando autonomia financeira”.
Cleide Santos do Nascimento, diretora do presídio, ressaltou que o formato da oficina é adequado à rotina da unidade. “Por ser uma atividade curta e bem específica, conseguimos alcançar resultados satisfatórios dentro da carga horária disponível. Ela também ajuda a diminuir o ócio das internas, oferecendo uma opção real de geração de renda e empreendedorismo por meio de um trabalho lícito”.
A psicóloga da unidade, Marilaine Rodrigues Vilarga, também destacou os benefícios da atividade. “Muitas internas passam grande parte do tempo no alojamento, sem ocupação. A oficina oferece uma maneira de preencher a mente com algo construtivo, evitando pensamentos destrutivos. Esses cursos são fundamentais para abrir novos horizontes, possibilitar o aprendizado de uma profissão e trazer alegria ao criar algo que pode ser dado aos filhos ou netos”.
Rejane Beneti Gomes, gestora de Atividades Culturais da FCMS, afirmou que o Projeto Artesania tem como objetivo inserir ações como essa nos estabelecimentos penais para proporcionar novas perspectivas às pessoas privadas de liberdade. “O artesanato pode ser tanto uma nova profissão quanto uma atividade complementar para geração de renda, contribuindo para a reinserção na sociedade e no mercado de trabalho por meio da cultura e da arte”.
As internas também compartilharam suas impressões sobre a experiência. Márcia (nome fictício), que nunca havia praticado crochê, elogiou a paciência da instrutora e a oportunidade de aprendizado. “Comecei do zero, sem saber nem o básico, mas já estou quase finalizando minha capivara. Quero fazer bichinhos para minha filha e continuar me aperfeiçoando”, afirmou.
Maria (nome fictício), outra participante, destacou o potencial econômico da técnica. “Nunca tive contato com o crochê, mas percebo que o amigurumi tem um grande valor agregado no mercado. A oficina foi uma excelente oportunidade de aprendizado e me trouxe novos horizontes. Gostaria de ter mais aulas para continuar evoluindo”, concluiu.
*Comunicação Setesc