Projeto do PROADI-SUS estuda se a combinação de medicamentos para controle de pressão e colesterol reduz casos de AVC e demência

Conduzida pelo Hospital Moinhos de Vento, iniciativa vai avaliar o resultado em pessoas de 50 a 75 anos com baixo a moderado risco de doenças cardiovasculares; pesquisa alcançará 60 unidades de saúde de todo o país

São Paulo (SP) – Por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento iniciou um novo estudo de impacto internacional, o PROMOTE AVC. Com atuação inicial em oito unidades de saúde de Porto Alegre (RS) – em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde -, o projeto irá avaliar se o uso de uma polipílula com a combinação de medicamentos para controlar a pressão e o colesterol, isolada ou associada à modificação do estilo de vida, é capaz de reduzir o número de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a taxa de demência em pessoas de 50 a 75 anos com baixo a moderado risco de doenças cardiovasculares. A segunda etapa envolverá 60 unidades de saúde do SUS espalhadas por todas as regiões do país.

Foto: Divulgação

Serão avaliados pacientes, considerados relativamente saudáveis, porém, que tenham pressão arterial sistólica limítrofe entre 120 e 139 mmHg e que tenham, pelo menos, um dos quatro fatores de risco comportamentais que aumentam as chances de desenvolver as doenças citadas, como excesso de peso, dieta desequilibrada, sedentarismo e uso do cigarro. De acordo com Brunna de Bem Jaeger Teló, neurologista cognitiva e líder operacional do projeto, os participantes serão divididos em grupos com diferentes estratégias de prevenção, como mudança no estilo de vida e monitoramento por meio do aplicativo Riscômetro, desenvolvido pela Universidade da Nova Zelândia; ou monitoramento pelo aplicativo associado ao uso da polipílula; apenas uso da polipílula; ou apenas a mudança no estilo de vida.

“Muitas dessas pessoas que têm demência, declínio cognitivo e AVC, poderiam ter evitado essas condições com mudanças em seu estilo de vida – o que será um dos nossos maiores desafios. Por isso, o projeto conta com uma ampla área de abrangência e foca na prevenção e em educar esses pacientes, visto que vamos explicar a eles sobre os riscos, causas e como evitar. Em relação aos impactos no SUS, além de possivelmente reduzir os casos de AVC, vamos também avaliar o custo-efetividade para saber quanto economizamos ao atuar com medidas de prevenção”, afirma.

Iniciativa HEARTS

Em paralelo à execução do Projeto PROMOTE, ocorrerá a implementação da Iniciativa HEARTS, um programa assistencial da Organização Mundial de Saúde/Organização Panamericana de Saúde, aderido esse ano pelo Ministério da Saúde. O programa visa a otimização da assistência primária à saúde para diminuir a incidência de doenças cardiovasculares, como Infarto Agudo do Miocárdio e AVC. Essa otimização se dará por meio da adaptação do sistema de saúde existente às melhores práticas segundo evidências clínicas e também da capacitação das equipes, desenvolvimento de fluxos de atendimento e tratamento dos pacientes.

Casos podem ser evitados

Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 13,5 milhões de pessoas sofrem um AVC todos os anos no mundo, e já somam 80 milhões aqueles que sobreviveram a um AVC, enquanto 55 milhões convivem com demência atualmente. Em setembro deste ano, a OMS alertou que estes casos devem aumentar para 78 milhões em 2030 e 139 milhões em 2050. A agência internacional associa, ainda, a demência a uma série de doenças e lesões que afetam o cérebro, como doença de Alzheimer ou AVC, afetando a memória e outras funções cognitivas, bem como a capacidade de realizar tarefas diárias.

Sheila Martins, idealizadora do projeto e chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, acrescenta que cerca de um em cada dez pacientes com um primeiro AVC já tem demência no início do evento e 30% terá demência após 1 ano.

“Embora sejam consideradas as segundas causas de morte e de incapacidade mais comuns em todo o mundo, mais de 90% dos casos de AVC e 30% dos de demência podem ser prevenidos com controle dos fatores de risco cardiovasculares. O aumento do número destes casos em todos os países fornece evidências de que, atualmente, as estratégias primárias de prevenção, que incluem aquelas voltadas para a população de alto risco, não são suficientemente eficazes. Acreditamos que a prevenção é possível por meio de estratégias mais acessíveis implementadas na atenção básica e direcionadas à população de baixo a moderado risco cardiovascular, ressalta.

Sobre o PROADI-SUS

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS, foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem as necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se a redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse o portal.

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