Campo Grande (MS) – Para fomentar a produção de peixe no Estado e fortalecer o trabalho dos pescadores artesanais da cidade de Anaurilândia, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) debateu, nesta quinta-feira (30), com a Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura MS (SFPA) e instituições interessadas em promover a produção de tilápia em tanques de redes no Município.
Em uma mesa de reunião, o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini tratou da questão junto ao superintendente do SFPA/MS, Luiz David Figueiró, o prefeito de Anaurilândia, Vagner Guirado e a presidente da Colônia de Pescadores Z10, Maria Antônia Paliano. Também participaram das discussões o secretário de Agricultura do Município, Geraldo Martins, a médica veterinária Daniele Cristina Cabriotti, a engenheira civil da Morhar, Mirna Torres, o advogado da Colônia Z10, Leonardo Torres e o coordenador estadual e o engenheiro agrônomo do SFPA/MS, Celso Benites e Adilson Nascimento, respectivamente.
Tanques de Produção
De acordo com dados da Prefeitura de Anaurilândia, os pescadores da cidade já contam com um barracão, 14 tanques, um barco motor e as boias para colocar os tanques na água. “Falta agora conseguir o licenciamento ambiental do Imasul para tirar o projeto do papel e também angariar parcerias e recursos públicos para comprar a primeira leva de alevinos e a ração”, contou o prefeito do Município, Vagner Guirado.
A busca de auxílio público por meio de emendas parlamentares também foi um caminho sugerido durante a reunião.
O diretor-presidente da Agência, Enelvo Felini se demonstrou receptivo quanto a colaborar com a execução do trabalho. “Dentro de nossa capacidade enquanto instituição queremos ajudar com esse projeto. É determinação do governador Reinaldo Azambuja que haja o estímulo do desenvolvimento rural via agricultura familiar, Agraer”, afirmou.
Aquavilas
No decorrer do encontro também foram tratadas outras questões que estimulem a psicultura no Estado: cursos profissionalizantes voltados aos pescadores e a criação de residenciais populares conhecidas também por “aquavilas”, moradias destinadas exclusivamente as famílias de pescadores através do PNHR (Programa Nacional de Habitação Rural). Caso seja viabilizado, o programa prevê a construção de casas de alvenaria de 38m², sendo dois quartos, sala, cozinha e banheiro. As habitações atenderão os trabalhadores de pesca devidamente cadastrados.
“O que desejamos é que ações sejam feitas para que haja meios do pescador conseguir se sustentar sem grandes sacrifícios. Tudo ainda está em fase de estudo, não podemos afirmar nada. Mas pelo que vi aqui as ações propostas via governo Federal, Estadual e Municipal tem grandes chances de melhorar a vida de cerca de 25 famílias de pescadores que fazem do rio a sua fonte de alimento”, afirmou a presidente da Colônia Z10, Maria Antônia.
Mão-de-obra qualificada
Conforme informações da Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura de MS, o Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego é outro recurso que pode melhorar a qualidade de vida da classe pesqueira. Com o nome “Formação de pescadores em tanques de rede”, o curso tem quase 200 horas de duração entre aulas teóricas e práticas. A ideia é viabilizar a capacitação no município com contrapartida da Prefeitura, com cedência de salas de aula, por exemplo.
Ao todo, são 25 vagas que poderão ser oferecidas em Anaurilândia, destas 15 vagas poderão ser cedidas para os pescadores e as outras cinco para os profissionais da Agraer. Tudo dependerá dos trâmites de viabilização entre as instituições envolvidas. “Essa é mais uma proposta para ser analisada. O curso é uma forma de qualificar também o profissional que presta assistência técnica, de forma que eles sejam multiplicadores de conhecimento nas comunidades”, analisou Felini.
Na opinião do Superintendente Luiz David Figueiró, todos esses investimentos no segmento reverterão em resultados positivos à sociedade. “Queremos que os pescadores não dependam do extrativismo. Com mão-de-obra especializada é possível aumentar a renda dos pescadores. O resultado é um peixe mais barato para nós, consumidores. E no final, todo mundo sai ganhando com isso”, garantiu.
Psicultura: Técnica de produção
O cultivo em tanques de rede trata-se de uma estocagem que utiliza um sistema de rede ou gaiolas para confinar os peixes em seu interior. Essa técnica faz uso de equipamentos constituídos basicamente por flutuadores: galões, bambu, isopor e canos de PVC que sustentam submersos na água redes de náilon, plásticos perfurados, arames galvanizados revestidos com PVC ou ainda telas rígidas.
O formato retangular permite uma melhor passagem e renovação de água dentro das gaiolas, removendo os dejetos produzidos pelos peixes. Além de serem equipados com coberturas que protegem de predadores e furtos.