A resposta depende de uma combinação de fatores, tais como: depende da espécie de braquiária, da quantidade de massa, se ela estava em pastagem perene, se foi cultivada solteira após a soja ou em consórcio com milho safrinha.
A braquiária solteira produz mais massa e é de difícil dessecação, porém se foi pastejada a dessecação é melhorada. No cultivo consorciado a braquiária tem menor crescimento e se torna de mais fácil dessecação que a braquiária solteira ou de pastagem perene.
Características do milho, como maior ciclo, maior porte e maior população de plantas podem reduzir drasticamente a massa de braquiária. Por outro lado, híbridos de menor ciclo, menor porte e menor população de plantas permitem maior produtividade de massa da braquiária, dificultando assim a dessecação ou podendo esta ser antecipada.
Agricultores e técnicos preferem semear a soja com a braquiária completamente seca, e isso depende da dose do herbicida e do período de tempo após a dessecação. Para isso são utilizadas doses superiores à necessária, também devido à presença de outras plantas infestantes e de difícil controle.
Pesquisas recentes têm apontado para o uso de menor dose de herbicida e menor tempo entre a dessecação da braquiária e semeadura da soja, principalmente quando se trata de Brachiaria ruziziensis cultivada em consórcio com milho safrinha. Isso possibilita economizar com sementes, utilizando menor população de plantas de braquiária, visando minimizar a competição com o milho e depois maximizar sua produtividade pelo maior período entre a colheita do milho e a sua dessecação.
A dessecação pode ser realizada quando a quantidade de massa de braquiária já estiver atendida. Porém, em ambientes com estiagem prolongada ou baixas temperaturas é importante esperar a retomada do crescimento da braquiária, para exaurir suas reservas, que ocorre normalmente após uma ou duas chuvas, e assim facilitar a dessecação e semeadura da soja.
Não se recomenda dessecar a braquiária no mesmo dia ou após a semeadura da soja.
Uma antecedência de 5 a 10 dias, com baixas doses de herbicida, é suficiente para a absorção do herbicida pelas plantas, poder semear a soja e manter o solo coberto por mais tempo.
A regulagem da semeadora deve ser específica para essas condições, preservando o contato solo-semente que proporciona a melhor germinação. Em campo não é tão simples, mas é possível evoluir buscando uma agricultura sustentável.
*Gessí Ceccon é Engenheiro Agrônomo, Dr. em Agricultura, Analista na Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS.