A programação do 12º Festival América do Sul Pantanal começou na manhã de hoje (21), no Moinho Cultural Sul-Americano, com o “Quebra-torto Literário”, que traz para o público participante do evento uma mostra do fazer literário sul-mato-grossense. Nele autores de diferentes tendências e gêneros literários apresentam suas obras. É um momento de encontro do leitor com o escritor e da possibilidade de um diálogo direto com ele
A solenidade de abertura da programação literária teve a apresentação da Orquestra de Violas do SESC- Corumbá que apresentou músicas de compositores sul-mato-grossenses e nacionais. Com a temática “ Soltando os bichos e as palavras”, a iniciativa promoveu o encontro da literatura com a natureza e a cultura popular, nas obras de Ciro Ferreira, Paulo Robson e da blogueira e escritora, Patrícia Pirota, que fez uma interface da literatura com as redes sociais.
Ciro Ferreira é professor de teatro e contador de histórias. É Autor dos livros “Onde está?”, e também, de “Trinta trava-línguas triturados”, dirigidos ao público infantil, ilustrados por Thiago Pereira e Raquel Alvarenga. Ele busca na cultura popular jogos linguísticos a partir dos quais desenvolve sua obra. Criado na comunidade negra Malaquias, ele é um admirador do trabalho dos mestres populares. “Os mestres populares precisam desse carinho, apelo e afeto”, lembrou. Segundo ele, a cultura popular parte da brincadeira do corpo e da oralidade. E utilizá-la é uma forma mais eficaz de trabalhar a literatura com as crianças. Ciro Ferreira conseguiu animar e encantar as crianças da rede municipal de ensino de Corumbá presentes no evento, com suas contações de causos e poesias trava línguas. “Os trava-línguas têm uma lógica quando são contados. Por isso as crianças conseguem decorá-los. Na oralidade elas decoram muito mais, e quanto menor o trava-língua, melhor. Além disso a oralidade contribui com a escrita e a ciência”, defendeu.
Paulo Robson de Souza é poeta, biólogo e professor da UFMS. É autor do livro “Animais Mais Mais” – música, poesia e muito mais. O autor utiliza o conhecimento científico, como estudioso da flora e da fauna do Pantanal, de ponto de partida para o trabalho poético e musical. Vale-se também da cultura popular na composição de sua obra. “As crianças têm dificuldade de aprender biologia, porque os profissionais falam somente aqueles nomes científicos. Na universidade fiz um trabalho de regionalização dos temas nas aulas de biologia ao trazer o Pantanal para a sala de aula. E passei utilizar a fotografia e a poesia para o ensino como uma forma de simplificar aqueles nomes difíceis”, explicou. Ele destacou ainda que procura trazer a verdade científica para seu trabalho poético. No quebra-torto ele declamou uma poesia inspirada na literatura de Cordel e apresentou uma composição musical chamada “O samba da piranha”, que retrata as características do peixe pantaneiro.
Patrícia Pirota é professora de literatura em Campo Grande. Blogueira, tuiteira entusiasmada e leitora nas horas vagas. Utiliza o blog para indicações de leituras literárias, de filmes e, músicas. Publicou o livro “Seu moço”, uma reunião das suas postagens no blog. Para ela, a internet ajuda a difundir a literatura entre os jovens, que tem a oportunidade de dar os primeiros passos no campo da escrita.
A diretora da Escola Estadual Carlos de Castro Brasil, Jussara Auxiliadora, estava muito empolgada com o entusiasmo dos seus alunos durante o evento. “Estou muito feliz em ver o interesse deles pela literatura. Eles gostaram muito desse passeio diferente”, comemorou.