Queimadas no Brasil: Um Impacto Ambiental e Econômico Crescente para Empresas

As queimadas no Brasil, especialmente nas regiões da Amazônia e do Cerrado, têm sido um tema central nas discussões ambientais. No entanto, os impactos dessas tragédias vão além da destruição de ecossistemas, afetando diretamente a economia e, em particular, pequenas e médias empresas (PMEs). Em 2024, os incêndios florestais atingiram níveis alarmantes, resultando em prejuízos severos não só para o meio ambiente, mas também para setores estratégicos, como o agronegócio e a logística. As PMEs, em especial, enfrentam dificuldades crescentes para se adaptarem a esse novo cenário.

Foto: Divulgação

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram um aumento de mais de 30% nos focos de queimadas em 2024, em comparação com o ano anterior. Além de agravar a crise ambiental, esse crescimento das queimadas impõe perdas substanciais à economia nacional. O agronegócio, uma das principais forças econômicas do país, é particularmente afetado, mas as consequências se espalham para outros setores.

Para compreender melhor esses impactos, conversamos com Renan Kaminski, especialista em gestão de PMEs pela 4blue, que nos ofereceu uma perspectiva estratégica sobre os prejuízos causados pelas queimadas e como as empresas podem mitigar seus efeitos.

Segundo Kaminski, as queimadas afetam os negócios de maneiras diretas e indiretas. “Além da destruição de áreas produtivas e perda de matéria-prima, empresas de setores como agronegócio, logística e turismo sofrem com interrupções nas cadeias de suprimentos e problemas na infraestrutura. Rodovias são bloqueadas, causando atrasos em entregas e aumento dos custos operacionais. Além disso, a poluição do ar prejudica a saúde dos trabalhadores, levando ao afastamento de funcionários e à queda na produtividade”, ressalta Kaminski.

Os danos ao agronegócio são especialmente devastadores. O Brasil, um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, tem sofrido com a perda de safras de soja, milho e carne bovina devido às queimadas. “Para as PMEs que já operam com margens apertadas, perder colheitas e gado pode ser catastrófico. Além disso, os atrasos logísticos resultam em multas e insatisfação dos clientes, ampliando os desafios“, acrescenta Kaminski.

Outro efeito colateral das queimadas é a volatilidade no fornecimento de insumos e o aumento dos custos, afetando toda a cadeia produtiva. Essa incerteza exige que os empresários adotem rapidamente estratégias de adaptação e resiliência.

Renan Kaminski – Foto: Acervo Pessoal

Kaminski recomenda que as empresas desenvolvam um plano de contingência robusto para enfrentar essas adversidades. “Diversificar fornecedores para reduzir a dependência de regiões vulneráveis às queimadas é uma medida essencial. Além disso, investir em tecnologia para otimizar processos e reduzir desperdícios pode ajudar a mitigar os danos. Ter uma reserva financeira de, pelo menos, 4 meses dos gastos fixos, também é importante, pois permite às PMEs lidarem com crises de curto prazo sem comprometer o futuro do negócio”, sugere.

A adoção de práticas sustentáveis é outro ponto crucial. Além de minimizar os riscos de novos incêndios, empresas que priorizam a sustentabilidade podem abrir novas oportunidades de mercado e até reduzir custos no longo prazo. “Adotar práticas ambientais responsáveis, que começam por pequenas atitudes no dia a dia até promover reflorestamento e apoiar iniciativas de prevenção a incêndios, além de criar uma imagem positiva da empresa, contribui para a sustentabilidade do negócio”, reforça Kaminski.

Ele também destaca a existência de programas de incentivo financeiro para empresas que investem em soluções sustentáveis. “Linhas de crédito verde e subsídios para tecnologias sustentáveis são uma oportunidade para as PMEs inovarem e implementarem soluções como o uso de energia renovável e técnicas de produção menos poluentes. Além disso, obter certificações ambientais além das obrigatórias pode agregar valor à marca e atrair consumidores e investidores preocupados com práticas responsáveis”, conclui.

As queimadas no Brasil representam um desafio crescente para as pequenas e médias empresas. Além de causar danos diretos ao agronegócio e à infraestrutura logística, a poluição resultante dos incêndios gera custos operacionais adicionais e queda na produtividade. No entanto, com planejamento estratégico, inovação e adoção de práticas sustentáveis, as PMEs podem superar esses desafios e transformar a adversidade em oportunidades de crescimento sustentável.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo