Um grupo de 120 famílias do assentamento Itamarati, no município de Ponta Porã (MS), é beneficiado com o resultado do trabalho recuperação da reserva legal. Desde julho de 2010 o projeto, envolvendo assentados e assistência técnica, já recuperou metade dos 483 hectares desflorestados que estavam destinados à reserva legal do assentamento.
A área destinada à preservação, segundo o Código Florestal em vigor à época, foi transformada num exemplo de produção diversificada e agroecológica. Onde antes a área era indevidamente usada para pastoreio de gado ou monocultura, hoje encontram-se árvores nativas ao lado de eucaliptos, erva mate, árvores frutíferas, estas consorciadas, nas entrelinhas, com a mais diversificada agricultura, como a soja até hortaliças, gergelim, mandioca de mesa e outras.
“A recuperação de novas áreas continua normalmente, conforme afirma o técnico do Incra, o engenheiro agrônomo Arthur Francisco Marques, responsável pela elaboração e acompanhamento do projeto”. Segundo o servidor do Instituto a área recuperada está fazendo a diferença para essas famílias que podem usufruir de mais alimentos na mesa e até de renda, com a venda do excedente.
Renda e preservação
“Antes, a gente olhava para essa área e via um pasto, sem uso. E se pudesse aproveitar? Hoje, a gente sabe que pode usar seguindo a lei e ainda ajudando a natureza e aumentando o nosso ganho” conta Volnei Heihardt, um dos parceleiros envolvidos no projeto. O assentado vem participando do projeto de forma exemplar, inclusive com a introdução de erva-mate, aumentando ainda mais sua renda.
O projeto teve como objetivo proteger a zona de recuperação pela introdução do Sistema Agroflorestal (SAF), utilizando-se de método que prevê associar a recuperação ambiental com plantas nativas à exploração econômica da área, intercalando-se árvores comerciais e nativas às culturas agrícolas, principalmente na fase inicial para custear a manutenção da área e facilitar o controle de ervas daninhas e pragas como formigas e outras ameças.
“Embora esta técnica seja conhecida há algum tempo, muito pouco se tem de parâmetros técnicos para a elaboração de projetos, principalmente quando envolve pequenos produtores e ainda em locais sujeitos a ocorrência de geadas severas, como o caso da região de Ponta Porã, onde se localiza o assentamento, daí o pioneirismo da iniciativa”, diz Arthur.
Pioneirismo e aprendizado
Segundo o agrônomo do Incra, esse pioneirismo trouxe algumas dificuldades como a necessidade de se ir adaptando o projeto durante sua própria execução devido a não existência de parâmetros técnicos. Arthur acredita, no entanto que o acúmulo com a experiência trará ao final a geração de conhecimentos para empreendimentos semelhantes no futuro.
A participação das famílias ocorreu de forma voluntária por inscrição e contrato assinado com o Incra, onde se comprometeram, ao receber as mudas e autorização do cultivo delas na área, a seguir o previsto no projeto bem como as orientações da assistência técnica, estas últimas prestadas pela Agência Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural (Agraer), com escritório no próprio assentamento.
Matéria atualizada em 22/06/2016, às 19h03.