Avaliar o potencial produtivo do setor florestal e apresentar os benefícios da produção de energia, a partir da biomassa de eucalipto. Este foi objetivo do encontro entre lideranças nacionais e de Mato Grosso do Sul, realizado na sede do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, visando colaborar com o fortalecimento do setor florestal em Mato Grosso do Sul.
O Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS e o Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural possuem frentes de atendimento em relação ao segmento, entre elas oficinas de Prevenção a Incêndios realizadas em eventos, atendimento institucional e 19 novos cursos para atender a atividade de florestas plantadas.
Na avaliação do presidente da comissão nacional de Silvicultura da CNA, Walter Vieira Rezende, que também é membro da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura, o Estado despontou no cenário nacional por meio da produção de celulose e pode se aperfeiçoar em outros segmentos se investir em infraestrutura e mão-de-obra qualificada. “Conversamos com vários produtores e debatemos os pontos fortes e fracos da atividade, tendo em vista a expressividade do maciço florestal regional. No entanto, com ações e planejamento, é possível agregar mais valor na produção, inserindo a produção de energia própria, a partir da biomassa do cavaco de eucalipto”, explica.
Contextualização regional – Levantamentos realizados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Ibá – Indústria Brasileira de Árvores comprovam que o estado ocupa a 3ª posição no ranking nacional de florestas plantadas, com área de 926,4 mil hectares. O município com maior destaque é Três Lagoas registrando plantio de 217,7 mil hectares e participando de 23,4% da produção nacional.
A assessora técnica da CNA, Camila Soares Braga esclarece que o setor de florestas plantadas passou a ser subordinado ao MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2014, o que foi uma conquista importante. “A atividade possui um ciclo de produção mais longo do que agricultura convencional, mas não deixa de ser uma cultura comercial e isso justifica que nosso locus seja definido pelo atual ministério. Outro fator importante é o desenvolvimento de um plano nacional que norteará os rumos da produção nacional, com previsão de ser divulgado em conjunto com o Plano Agrícola 2017/2018, no mês de junho”, observa.
Rezende considera que o momento de investir na geração de energia a partir da biomassa de eucalipto é ideal, pois, atende as metas de produção sustentável e colabora com o sequestro dos gases de efeito estufa. “Além da contribuição ambiental, é uma energia cujo excedente produtivo pode ser comercializado para outras localidades, gerando emprego e renda. Neste sentido, recebemos uma sinalização positiva durante um encontro que participamos no início do ano, no qual foi divulgado que a floresta plantada existente no país teria condições para gerar energia equivalente a 5ª maior hidrelétrica brasileira”, argumenta o representante.
Estruturação do setor florestal – Uma das iniciativas da CNA é a realização de eventos chamados Dia de Mercado, nos quais são apresentados os levantamentos de custos de produção de diferentes atividades agrícolas. Ficou definido durante a visita que o Sistema Famasul sediará o próximo encontro marcado para 1º de junho, em Campo Grande e apresentará os números da Silvicultura, particularmente a produção de Eucalipto e Heveicultura no Estado.
Além de apresentar números atualizados, os especialistas apresentarão alternativas de outros segmentos em ascensão no mercado nacional como a produção de madeira para construção civil e geração de energia. O consultor técnico da Famasul, Clóvis Tolentino, antecipa que é uma excelente oportunidade para produtores rurais com interesse em iniciar ou expandir a atividade tenha o maior número de informações possíveis. “Um dos convidados confirmados é o especialista em Eucaliptocultura, Martin Sanches Acosta, da Argentina, que apresentará informações sobre o mercado de madeiras utilizadas na construção de casas. Além disso, teremos apresentações sobre o segmento de celulose e produção de energia elétrica obtida pela biomassa”, pontua.
Outro pleito solicitado pela CNA ao governo federal é que sejam publicados editais públicos de energia específicos por fonte, visto que atualmente as matérias-primas mais utilizadas na produção de biomassa são casca de arroz e bagaço de cana-de-açúcar. “É importante ficar claro que a energia obtida a partir do eucalipto é estruturante. Isso significa que não onera a vegetação nativa, pois, é obtida por intermédio de florestas plantadas para este fim, com toda técnica e manejo necessário. Se conseguirmos um leilão público especifica será possível a realização de planejamento técnico, lembrando que o prazo para primeiro corte demora entre 5 a 6 anos”, acrescenta a engenheira florestal.