O carioca precisa tomar consciência do grande potencial do surf para a economia do Rio. Não só para o turismo, evidentemente, mas para o comércio e serviços em geral, restaurantes, bares e fast food, hotéis, hostels e albergues, shopping centers, transporte especializado, lojas dedicadas ao segmento, aluguel e guarda de equipamentos, escolas de formação de surfistas, autônomos e empresas de fabricação e conserto de pranchas; e, também, de organização de variados eventos.
O setor ainda movimenta outras atividades esportivas e de lazer conexas, como, por exemplo, o wind surf, o kite surf, bodyboard, stand up paddle e o skate. Mobiliza um sem número de aficionados da cultura surf. É um importantíssimo vetor gerador de emprego e renda, e produz uma baita arrecadação de tributos municipais e estaduais. Dá dinamismo à vida da Cidade, garante generosas receitas ao empreendedorismo e estimula a empregabilidade do carioca.
Os especialistas afirmam que o Brasil é a 3ª maior expressão do esporte no mundo. Há hoje 40 milhões de praticantes em mais de 120 países, e 3,2 milhões só no Brasil. Estimam-se em 140 milhões de aficionados, que acompanham fielmente seus eventos. Movimenta cerca de 18 bilhões de reais só no Brasil, e 25 bilhões de dólares no resto do mundo. E, melhor ainda, neste ano de 2020, o surf foi alçado a esporte olímpico.
Como veem, é por isso que o Brasil tem, dentre outros expoentes, Gabriel Medina e Mayara Gabeira. Há muito o surf se estabeleceu entre os brasileiros, desde os tempos das modestos “pranchas de pegar jacaré” nas praias cariocas, que se estenderam para todo o Brasil, à semelhança do que também ocorreu com o futebol de areia e com o futevôlei, todos nascidos nas praias cariocas.
Dispomos de condições objetivas invulgares para a realização de eventos de surf na Cidade e para a disseminação de suas atividades esportivas conexas, como ocorre em todo o mundo. É incrível como isto praticamente não existe nas praias do Rio, consagrando o anacronismo de nossas políticas públicas na gestão incompetente da Cidade em distintas dimensões. Turismo, por exemplo, não são apenas belezas naturais, por si só, como um lugar comum repetido por tantos. É essencialmente serviços.
O clima do Rio garante a prática do esporte em suas mais variadas modalidades ao longo de todo o ano; é extremamente barato para o aficionado se iniciar; promove a inclusão social de pessoas vulneráveis e de portadores de necessidades especiais, do jovem e dos idosos; gera, assim, não só expressivos resultados econômicos como também sociais, além de substancial melhoria da qualidade de vida do cidadão pela prática de uma atividade eminentemente saudável. É o surf e suas importantes derivações contribuindo para o Rio, uma cidade saudável.
Portanto, temos praias lindíssimas em plena região urbana do Rio, temos praticantes do surf e das demais modalidades conexas no Brasil e, principalmente, no Rio. Só não temos um poder público municipal carioca que compreenda a importância do surf como atividade econômica essencial para o Rio, muito menos as suas vocações naturais, que ativadas e superativadas muito contribuirão para levar a Cidade a voltar ao seu esplendor de maravilhosa.
(*) Wagner Siqueira é diretor-geral licenciado da Universidade Corporativa do Administrador (UCAdm) e Conselheiro Federal licenciado pelo Conselho Regional de Administração (CRA-RJ). É Administrador atuante, com uma longa trajetória de trabalho dedicado à profissão, e filho de Belmiro Siqueira, Patrono da profissão no Brasil. Foi Presidente do Conselho Federal de Administração e do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro. Foi Secretário de Administração da Prefeitura do Rio de Janeiro, Presidente do Riocentro e Secretário de Desenvolvimento Social da Prefeitura do Rio, além de exercer muitos outros cargos na Administração pública e privada.