A tranquilidade e a gentileza do lutador de MMA, Rodrigo Oliveira (Memorial), chegam a se tornar contrastantes pelo biotipo que apresenta ou mesmo o seu apelido. O santista Rodrigo “Nocaute”, como é mais conhecido, se destaca pelos, aproximadamente, 102 kg distribuídos em 1m81 de altura e também por sua força dentro dos octógonos ou ringues. Apesar de já ter 35 vitórias, ele está na modalidade há apenas três anos e este mês pode alcançar um novo patamar.
No próximo dia 24, em São Paulo, o peso pesado enfrenta Joao Almeida Isidoro, no Jungle Fight 82, considerado o maior evento de MMA da América Latina, e saindo vitorioso, já deve ser contratado pelo Ultimate Fight Championship (UFC), a “meca” mundial das artes marciais mistas. “Sonho há tempos (ingressar no UFC). Quem não sonha em lutar no maior evento de MMA do mundo?”, ressalta o atleta.
Atualmente, Rodrigo Nocaute está entre os nove melhores pesos pesados do Brasil e para chegar a essa condição usou muito de sua modalidade inicial, o boxe, mas teve de se “reinventar” aprendendo jiu-jitsu, para se tornar mais completo e competitivo. Nas lutas, é considerado um “striker”, se destacando pela luta em pé. “Treinei bastante durante esses anos e estou em perfeitas condições para lutar muito bem, não somente em pé, mas também no chão”, afirma.
“Devo muito todo esse trabalho ao meu técnico, o Mestre Nigue, que me ensinou tudo sobre a arte do Jiu-jitsu e também ao Thiago Silva, meu preparador físico”, comenta Nocaute, destacando a ótima relação com Nigue tanto nos treinos quanto no octógono. “Consigo ver exatamente o que ele pede, os golpes para aplicar, com a minha visão periférica. A sintonia é perfeita”, relata.
Na luta do próximo dia 24, na categoria até 100 kg, Nocaute não conhece muito sobre o rival, mas sabe que não terá luta fácil. “Fui pesquisar mais sobre ele, não é um adversário com muitas lutas. Mas é ex-boxeador, como eu, e ésparing do Júnior Cigano. Sabemos que não vai ser fácil. O Jungle Fight só seleciona adversários bastante competitivos”, comenta.
Sobre o cotidiano de preparação para o MMA, ele sentencia: “O treinamento é muito cansativo, são seis horas por dia de treino. Vou desde a luta agarrada até o jiu-jitsu. Mas a parte mais difícil é a preparação física, porque diferente das técnicas, ela acaba exigindo mais da tua resistência”.
“Em relação à dieta, não há tantas exigências por ser peso pesado. Mesmo assim, não posso ultrapassar 120kg. Dessa forma, eu corto os doces e refrigerantes, o que é difícil, pois gosto muito. Dou preferência ao carboidrato da batata doce e não como arroz, nem macarrão”, acrescenta.
O atleta também costuma folgar aos domingos, exceto quando chega próximo da data da luta. “Durante essa época, trabalho sempre a concentração e calma para, também, poder ouvir o técnico. Preciso sempre estabelecer uma conexão”, conta.
Já o técnico da equipe de MMA da Memorial, mestre Marcelo Nigue, ressalta também a personalidade do seu atleta. “O Nocaute é, acima de tudo, um cara muito humilde. Como atleta, ele vem provando para os grandes que consegue vencer os grandes e mais experientes pesos pesados. Exemplo disso foi a vitória dele contra o Mondragon, que é um atleta do UFC”, lembra. “É o tipo de atleta que, mesmo quando conquistar o cinturão de um evento como UFC, não vai deixar o sucesso subir à cabeça. Ele é um gentleman num mundo de gladiadores”, completa.
CHILENO – Além de Rodrigo Nocaute, Marcelo Nigue, campeão mundial de jiu-jitsu e também lutador de MMA, terá outros dois lutadores no Jungle Fight 82, ambos chilenos. Gaston Mansur, que já mora em Santos há mais de um ano, enfrenta Diego Paiva, nos 57 kg, enquanto que Jennifer Gozales, terá pela frente Monique Bastos, na luta feminina – até 52 kg.
Assim como Nocaute, Gaston está próximo de integrar o seleto grupo do UFC. E semelhante com o santista, tem fala tranquila. Sua última vitória foi no Jungle Fight 78, sobre Leonardo Soldado. “Estamos trabalhando sério para que o Nocaute e o Gaston estejam entre os melhores do Mundo. E tudo isso devemos muito ao Pepe Altstut e ao Denys Altstut, da Memorial, pelo incentivo às modalidades de luta. São empresários que acreditam no esporte e ajudam muito os atletas”, finaliza Nigue.