Santo Agostinho: “um coração em chamas”

Prof. Felipe Arquino – Crédito: Arquivo Pessoal

Santo Agostinho exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. É chamado de “Doutor da Graça”, porque soube compreender, como ninguém, os efeitos da Graça de Deus na vida das pessoas. Viveu tão intensamente que “seu símbolo é um coração em chamas e o olhar voltado para as alturas”.

A Igreja celebra a memória de Santo Agostinho no dia 28 de agosto, data em que morreu, no ano 430, aos 76 anos, em Hipona, hoje conhecida como Argélia. Nascido na Tunísia, em 13 de novembro de 354, filho de Patrício e Mônica, que também foi reconhecida como santa.

Grande teólogo, filósofo, moralista e apologista, Agostinho enfrentou muitas heresias de seu tempo: arianismo, que negava a divindade de Jesus; macedonismo, que negava a divindade do Espírito Santo e o pelagianismo, que negava o pecado original e a graça de Deus, entre outras.

Aprendeu a retórica em Cartago, onde ensinou gramática até os 29 anos de idade, depois partiu para Roma e Milão onde foi professor de Retórica na corte do Imperador de Roma. Ali se converteu ao cristianismo pelas orações e lágrimas, de sua mãe Mônica e pelas pregações de Santo Ambrósio, bispo de Milão, que o batizou em 387. Em seguida, voltou para a África com veste de penitência, onde foi ordenado sacerdote e depois bispo de Hipona, aos 42 anos.

Ali escreveu a sua grande obra, “Confissões”, dizendo: “Senhor, criaste-nos para Vós, e nosso coração não tem paz enquanto não repousar em Vós”. Santo Agostinho escreveu muitos livros, entre os quais: Os 150 Salmos, comentados em três volumes; e “A Cidade de Deus”, que contesta a acusação de que Roma foi derrubada pelos bárbaros por culpa dos cristãos.

Em “A Cidade de Deus”, que gastou 13 anos para escrever, afirma: “Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”. É como que um resumo da sua obra imortal.

Santo Agostinho nos deixou muitos ensinamentos sobre todos os assuntos, especialmente sobre a espiritualidade; por exemplo, destacava a importância da humildade na vida da pessoa para se chegar à santidade.

Destaco aqui alguns de seus pensamentos:

“Quanto mais o homem se humilha, mais Deus se acerca, descendo até ele. Posto que o homem caiu por orgulho, (Deus) recorreu à humildade para o curar”.

“A inveja é filha e escrava do orgulho. Por esses dois vícios, orgulho e inveja, o demônio é o que é”.

“O princípio de nossa purificação é a humilde confissão de nossos pecados. É melhor um pecador humilde que um beato orgulhoso”.

“Observa a árvore. A fim de crescer para cima, primeiro cresce para baixo. Primeiro finca sua raiz na humildade da terra para depois lançar suas grimpas ao alto céu”.

“A humildade deve ser proporcional à grandeza. Quanto mais alto alguém se encontra, tanto mais pode ser fatal sua queda”.

“O homem que aspira a dominar os que por natureza lhe são semelhantes, isto é, a outros homens, é dominado por orgulho intolerável’.

“Eis a grande ciência do cristão: conhecer que nada é e nada pode! O reconhecimento da própria ignorância é a primeira prova de inteligência”.

“Sê humilde diante de Deus para que não permita sejas tentado além das tuas forças. Aceita a tua imperfeição. É o primeiro passo para alcançares tua perfeição”.

*Felipe Aquino é professor de física e matemática, autor de mais de 70 livros e apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos” na TV Canção Nova e “No Coração da Igreja”, na Rádio Canção Nova. Em julho de 2012 recebeu o título de “Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno”, concedida pelo Papa às pessoas que se destacam, no seu trabalho, em prol da evangelização, em defesa da fé e o desenvolvimento da Igreja Católica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo