São Paulo (SP) – Robert Scheidt entra na reta final de preparação para o retorna às competições de vela na Europa. Após a paralisação das regatas em função da pandemia pelo novo coronavírus, o bicampeão olímpico vai disputar a tradicional Semana de Vela de Kiel, na Alemanha, entre os dias 5 e 13 de setembro (a classe Laser tem a primeira regata prevista para o dia 10). A disputa faz parte de sua programação para os Jogos de Tóquio, em 2021, quando se tornará recordista brasileiro ao participar da sétima Olimpíada na vitoriosa carreira.
Para chegar a Tóquio em condições de brigar pela sexta medalha olímpica, Scheidt segue se preparando na Itália, onde reside com a mulher e os dois filhos. Nesta semana, retoma os treinos ao lado da equipe italiana de vela e do francês Jean-Baptiste Bernaz. “O Jean-Baptiste é meu companheiro há um bom tempo e é um dos melhores do mundo na atualidade, inclusive foi quarto no Campeonato Mundial de janeiro, na Austrália. Ter parâmetros em relação a outros velejadores é importante para entender em que nível está a sua velejada”, explica Scheidt.
Os treinos serão no Lago di Garda, na Itália. Scheidt vem alternando períodos de preparação com os italianos e o francês Bernaz desde o final de maio, quando a Itália liberou o retorno gradual das atividades físicas após o longo período de isolamento social. “Foram dias muito produtivos e estou contente por repetir a dose. Encerrei essas sessões me sentindo bem fisicamente e andando próximo a ele. Agora é seguir em frente e focar na Semana de Kiel”, conta o maior medalhista olímpico do Brasil, com cinco pódios, que é patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e que conta com o apoio do COB e CBVela.
Aos 47 anos, seis Olimpíadas, cinco medalhas e 14 títulos mundiais no currículo, Scheidt ainda encontra motivação para buscar evolução na classe Laser. “Quero chegar a Tóquio em condições de lutar pelo pódio. Ir apenas para participar não me interessa. Sigo um planejamento que leva em consideração o meu corpo, que já não é mais de um garoto. Também por isso é importante contar com parceiros na água, pois, como disse, ajuda a saber em qual nível está minha performance, especialmente em termos de velocidade”, completa Robert.
A Semana de Kiel vai ser o primeiro grande evento de vela após a quarentena em função do novo coronavírus. Por isso, além da tradição do campeonato, a expectativa é para uma disputa de alto nível. “Vai ser um evento cheio de restrições, mas é muito bom ter Kiel no calendário em 2020. Eles restringiram as inscrições para 70 barcos, mas acho que abrirão para mais velejadores. Estou animado com a possibilidade de voltar a competir em alto nível. Espero condições duras e muito frio no norte da Alemanha em setembro, mas vamos que vamos”, completa Robert, que deve chegar em Kiel poucos dias antes da estreia da classe Laser, dia 10 de setembro.
Evento centenário da vela, a Semana de Kiel ocorre, normalmente, na última semana de junho, em pleno verão europeu. Como promove disputas de classes olímpicas e não olímpicas, costuma reunir cerca de dois mil barcos e cinco mil velejadores. Robert tem três títulos de Laser e dois de Star (sendo um Europeu disputado na cidade) em Kiel. Além das regatas na Alemanha, a programação do bicampeonato olímpico para 2020 inclui a disputa do Campeonato Europeu de Laser, programado para o mês de outubro, em Atenas, na Grécia, mas que ainda precisa de confirmação de data.
Desafio olímpico – Scheidt retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016, onde terminou na quarta colocação mesmo vencendo a medal race. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão. Ele confirmou a vaga no Mundial da Austrália, em fevereiro, quando chegou à flotilha ouro e foi o melhor brasileiro na disputa.
Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele ficou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro: Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)
Prata: Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze: Londres/2012 (Star)
181 títulos – 89 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Europeu de Star.
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012