São Paulo (SP) – Robert Scheidt estreia no Campeonato Mundial da classe Laser 2020 nesta terça-feira (11), em Melbourne, na Austrália. Aos 46 anos, dono de 14 troféus de campeão do mundo – 11 na Laser e três na Star – e considerado uma lenda viva na vela, o veterano mantém o apetite pelo desafio de competir. Contra atletas até 20 anos mais jovens, o bicampeão olímpico busca elevar o nível de sua velejada, focado em fazer uma boa campanha nos Jogos de Tóquio. Mas que ninguém se engane. Ele vai largar em todas as regatas com o objetivo de lutar por um lugar no pódio.
“O objetivo é tentar fazer um bom mundial, mas, acima de tudo, sem esquecer que é mais um evento no processo para medir forças e melhorar o que precisa ser melhorado visando a Olimpíada do Japão. Claro que quero fazer o melhor possível, mas sei que ainda não estou com 100% da minha forma”, explica o velejador patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e que conta com o apoio do COB e CBVela. “Já corri muitos Campeonatos Mundiais e ganhei várias vezes, mas é muito especial estar aqui na Austrália para mais uma disputa. Me faz lembrar quando comecei, com 17 anos”, completa.
Scheidt espera uma competição desgastante em Melbourne. “Este, provavelmente, será campeonato mais duro do ano em termos físicos, pois serão seis dias com duas regatas cada, com expectativa de vento muito forte”, explica o maior medalhista olímpico da história do Brasil, com seis pódios. Além de exaustivo, o mundial terá alto nível técnico. Serão 130 velejadores de 45 países, muitos dos quais também em campanha para Tóquio. “Será muito importante começar com boas médias, evitar grandes erros nos primeiros dias e construir uma média de resultados. Assim, será possível conquistar classificação para a fase final, nos últimos três dias, quando o campeonato é realmente decidido”, complementa.
O bicampeão olímpico está na Austrália há dez dias para adaptação e treinamento. “Recebemos os barcos há uma semana e os treinos foram bons, sempre com vento forte”, comenta Scheidt, que retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, em julho.
Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele chegou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.
Agora, vai competir na Austrália para carimbar o passaporte olímpico, pois ainda precisa esperar a convocação final para a delegação brasileira. De acordo com o critério da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), ele só perde a vaga para os Jogos do Japão se outro atleta do Brasil subir ao pódio no Mundial da Laser em 2020. Segundo informações da organização do campeonato, além de Scheidt, o Brasil terá apenas mais um representante em Melbourne, o velejador Gustavo Nascimento, de 24 anos.
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro: Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)
Prata: Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze: Londres/2012 (Star)
181 títulos – 89 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Europeu de Star.
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012