São Paulo (SP) – Com a volta gradual das atividades esportivas na Europa, Robert Scheidt já tem data para o retorno às competições. O bicampeão olímpico vai disputar a tradicional Semana de Vela de Kiel, na Alemanha, entre 5 a 13 de setembro. Para isso, intensifica a preparação no Lago di Garda, na Itália, onde mora com a família. Após 20 dias de velejada solitária com seu Laser no mês de maio, revezou treinos com equipes italianas e francesas nas duas últimas semanas. E pretende repetir a dose entre julho e agosto.
“Foram dias muito produtivos e estou contente. Primeiro vieram seis velejadores italianos e depois, na segunda semana, chegaram os franceses. Treinei muito com o Jean-Baptiste Bernaz, com quem tenho uma parceira há algum tempo. Ele é hoje um dos top 5 do mundo e é muito importante ter um parâmetro para avaliar minha velejada. Encerrei essas sessões me sentindo bem fisicamente, sem lesões e andando próximo a ele. Ainda tenho pontos a evoluir, mas foi muito bacana encarar esse volume de trabalho intenso”, explica Scheidt, que vai disputar a sétima Olimpíada em Tóquio, em 2021.
Com a formação dessa pequena flotilha de elite, com dez barcos, foi possível simular regatas no Lado di Garda, com direito a marcação de raias e simulação de largadas. “Aproveitei para fazer testes de velocidade e experimentei um novo barco e novos equipamentos. Como disse, ter um cara como o Jean-Baptiste como parâmetro é importante, porque ele é muito veloz, especialmente em vento forte”, conta o maior medalhista olímpico do Brasil, com cinco pódios, que é patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e que conta com o apoio do COB e CBVela.
A Semana de Kiel vai ser o primeiro grande evento de vela após a quarentena em função do novo coronavírus. Por isso, além da tradição do campeonato, a expectativa é para uma disputa de alto nível. “Eles restringiram as inscrições para 70 barcos e vi pelo menos 20 velejadores top na lista. Acredito que a tendência é abrir para novos atletas, o que vai deixar a disputa mais forte ainda. Estou bem animado com a possibilidade de competir em alto nível ainda nesse ano, depois de tudo o que aconteceu. Espero condições duras e muito frio no norte da Alemanha em setembro, mas vamos que vamos”, completa Robert, que deve chegar em Kiel poucos dias antes da estreia da classe Laser, que será disputada entre os dias 10 e 13.
Evento centenário da vela, a Semana de Kiel ocorre, normalmente, na última semana de junho, em pleno verão europeu. Como promove disputas de classes olímpicas e não olímpicas, costuma reunir cerca de dois mil barcos e cinco mil velejadores. Robert tem três títulos de Laser e dois de Star (sendo um europeu disputado na cidade) em Kiel. Além das regatas na Alemanha, a programação do bicampeonato olímpico para 2020 inclui a disputa do Campeonato Europeu de Laser, programado para o mês de outubro, em Atenas, na Grécia, mas que ainda precisa de confirmação de datas.
Desafio olímpico – Scheidt retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016, onde terminou na quarta colocação mesmo vencendo a medal race. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, em julho. Ele confirmou a vaga no Mundial da Austrália, em fevereiro, quando chegou à flotilha ouro e foi o melhor brasileiro na disputa.
Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele ficou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro: Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)
Prata: Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze: Londres/2012 (Star)
181 títulos – 89 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Europeu de Star.
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012