São Paulo (SP) – A seleção brasileira de futebol social garantiu neste domingo (3) uma vaga na terceira e última fase da Homeless World Cup, a Copa do Mundo da modalidade, em Oslo (NOR). Com as vitórias sobre Romênia, por 7 x 4, e Dinamarca, 7 x 1, o Brasil classificou-se em primeiro para as quartas de final, mantendo 100% de aproveitamento: dez jogos e dez vitórias. Antes, havia vencido também Egito, 8 x 2, Indonésia, 2 x 1, e Holanda, 11 x 5, pelo grupo A da fase intermediária.
No grupo do Brasil, a outra equipe classificada para as quartas de final foi a Indonésia. México, atual campeão, Portugal, que será o adversário da seleção brasileira nesta segunda-feira, às 9h (horário de Brasília), Bósnia, Irlanda, Rússia e Chile, são as demais seleções finalistas da 15º edição da Copa do Mundo de Futebol Social, e disputarão nesta segunda e terça-feira o mata-mata da competição internacional.
“Nossa equipe foi bem equilibrada em todos os jogos, de ambas as fases. Tivemos mais dificuldades com as seleções mais fortes fisicamente. O nível das oito seleções das quartas de final está bem igual. Quem tiver melhor psicologicamente e errar menos, chegará à final”, avaliou o treinador da seleção brasileira, Pupo Fernandes.
A equipe que avançar no duelo entre Brasil e Portugal enfrentará o vencedor de Rússia e Irlanda. Na outra chave, o México jogará contra a Indonésia e a Bósnia terá pela frente o Chile. Enquanto os quatro vencedores avançam às semifinais, aqueles que perderem disputarão do quinto ao oitavo lugares.
Prêmio Fair Play – No sábado (2), o prêmio FIFPro do dia 5 de competições foi entregue ao jogador brasileiro Leonel. O prêmio, escolhido pelos árbitros da partida, foi dado ao goleiro graças ao seu exemplar espírito esportivo e FairPlay durante a vitória de 8X2 em partida contra o Egito. Depois de receber uma placa, Leonel disse: “Estou muito orgulhoso de mim e da nossa equipe. Nós damos muito valor a este projeto e respeitamos os adversários. Estou muito satisfeito também por receber esse prêmio de um ex-atleta”. O prêmio foi entregue pelo ex-jogador Norueguês John Knudsen. Knudsen também era goleiro e representou a Noruega vinte vezes em âmbito internacional, enquanto dentro de seu país jogou pelo Lillestrøm e Stabaek.
Primeira fase – A estreia dos jovens brasileiros, todos com idades entre 17 e 21 anos, foi na terça-feira (29), logo após a cerimônia de abertura da Homeless World Cup, contra os noruegueses. A vitória veio pelo placar de 6 x 3, mas com a ansiedade pela estreia, o jogo não foi fácil. Na primeira partida de quarta-feira (30), uma vitória tranquila contra a Lituânia, por 9 x 1. Encerrando o dia 2 da Copa do Mundo de Futebol Social, o Brasil enfrentou os EUA e também garantiu mais uma vitória sem dificuldades, 7 x 2. Na quinta-feira (31), a classificação matemática para a chave principal da segunda fase veio com uma vitória por 7 x 1 contra a Suíça. Na sequência, a equipe voltou a vencer, desta vez a Austrália, 8 x 2.
As fases da Copa do Mundo – O sistema de disputa da Homeless World Cup conta com duas fases de grupos e uma de mata-mata. Na primeira fase, são oito grupos de cinco ou seis times, em que os três melhores de cada avançam para aí serem formados os quatro grupos principais (chave 1) de seis seleções. Os dois melhores de cada grupo passam para as quartas de final da chave principal (Homeless World Cup Trophy), enquanto do terceiro ao quarto forma-se uma chave secundária (Salvation Army Plate), com mais oito times, e a terceira chave (City of Oslo Bowl) com quinto e sexto colocados.
Os piores de cada grupo da primeira fase, de quarto a sexto lugares, formam uma chave 2, que irão disputar as taças chamadas de New Balance Shield, KNIF Globe e Frete Quaich. Desta forma, todos os 47 times da chave masculina/mista jogam até o fim da competição.
O Brasil na Copa do Mundo – Disputada anualmente desde 2003, a Copa do Mundo de Futebol Social é realizada em uma quadra reduzida de gramado sintético, com três atletas na linha e um no gol, além de quatro reservas. Atual número 1 do ranking mundial, a seleção brasileira conta atualmente com os patrocínios da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e Penalty.
O Brasil tem um bom histórico recente na competição. Além dos títulos conquistados, o País marca presença entre as quatro melhores seleções do torneio desde 2009. Vice-campeã na última edição da Copa do Mundo de Futebol Social, em Glasgow (ESC), o Brasil foi terceiro colocado em três oportunidades, 2009 (Milão), 2011 (Paris) e 2012 (Cidade do México), e quarto colocado em 2014 (Santiago) e 2015 (Amsterdã).
A seleção brasileira – O brasiliense Mickael Batista, de 19 anos, é o atleta da Capital Federal. Nascido em São Paulo e criado em Osasco, Igor Oliveira, 19 anos, é o representante paulistano na competição, enquanto Felipe Pinho, de 17 anos, é de Sorocaba. Dois atletas são da Baixada Santista: Andreza Guedes, de 19 anos, nascida em Santos e moradora de São Vicente, e o goleiro Leonel da Silva, de 17 anos, também de Santos. Completam a seleção três cariocas: Juliana Conceição, de 17 anos, que hoje vive em Niterói, e Leonardo Conceição e Murilo dos Santos, ambos de 21 anos, que moram no Rio de Janeiro, no Complexo do Alemão e em Padre Miguel, respectivamente.
Os oito jogadores selecionados para competir pelo Brasil na HWC passaram por diversas seletivas realizadas pelos projetos parceiros da Ong Futebol Social, sendo eles representantes do Distrito Federal (Projeto São Sebastião DF), São Paulo (Baixada 013 São Vicente, Garotos Bunge SP e Bola da Vez Sorocaba) e Rio de Janeiro (Padre Miguel RJ, Loirinho RJ e Comunidade Complexo do Alemão RJ). Ao todo, mais de 50 organizações ao redor do País estão envolvidas nos projetos da Ong.
Atuais campeões da América – A seleção brasileira de futebol social é atual campeã da Copa América de 2017 da modalidade. Na fase de grupos foram três jogos. Na abertura, vitória contra a seleção B da Costa Rica, por 6×4. Em seguida, os brasileiros venceram Argentina, por 5×3, e o Chile, por 6×2. Na semifinal, um adversário que sempre complica para o Brasil: o México, batido pelo placar apertado de 5×4. E, na decisão, outra vez os chilenos, vencidos por 5×1.
Ex-jogadores do Futebol Social – Marcante na vida de todos atletas que por lá passaram, a Ong Futebol Social foi muito importante para seus ex-jogadores, seja para seguirem na vida de esportista ou até mesmo para seguirem uma profissão fora do esporte. No mundo da bola, alguns casos de sucesso no futebol foram Edson Gomes e Flaymar Ladim, ambos representantes do País no Mundial de 2009. Enquanto Edson joga atualmente no Corinthians Futsal, Flaymar tem contrato atualmente com o Guarani, de Campinas.
Representante do País em Copenhague, em 2007, a carioca Michele Gomes passou pela seleção brasileira sub-20 e está atualmente no São José FC, um dos principais times de futebol feminino do País. Eleito melhor jogador do Mundial de 2013, em Poznan (Polônia), o carioca Darlan passou pelo sub-20 do Flamengo e, recentemente, transferiu-se para a Noruega, para jogar no FK Arendal. Companheiro de Edson e Flaymar em 2009, Ronaldo “Nenê” é hoje dono de uma barbearia, no Jaguaré, em São Paulo, enquanto Heliton Rodrigues, que disputou o Mundial de 2007 com Michele, é chefe de cozinha em um conceituado restaurante na capital de Angola, a cidade de Luanda.
Principais regras do futebol social – No futebol social, a quadra é reduzida, tem apenas 22 metros de comprimento e 16 de largura. O time vencedor ganha três pontos no campeonato, o perdedor, zero. Em caso de empate, disputa alternada de pênaltis, com dois pontos para o vencedor e um para o time que perder. São dois tempos de sete minutos, com intervalo de um minuto. Os goleiros não podem sair da área, marcar gols, ou fazer cera. Os jogadores de linha também não estão permitidos a invadir a área dos goleiros, sob a pena de um pênalti do time adversário. O Fair Play (jogo limpo) é incentivado nos torneios, e um troféu exclusivo é destinado ao time que demonstrar e jogar com o espírito genuíno do futebol.
Para os jogadores que não jogarem nesse espírito do Fair Play, penalidades: cartão azul (dois minutos) ou vermelho (expulsão do jogo) e, em último caso, exclusão do torneio. Pelo menos um jogador deve ficar no campo oposto, ou seja, três atacam e dois defendem. Uma falta será marcada contra o time que ficar totalmente em seu lado. Se um jogador recebe um cartão azul, enquanto o time estiver com jogador(es) a menos, esta regra não é válida. Da mesma maneira, esta regra não vale se um jogador recebe um cartão vermelho.
Sobre a ONG Futebol Social – O Futebol Social promove um movimento pioneiro que conecta jovens e comunidades carentes de todo o País, tendo como objetivo principal integrar, motivar e fortalecer seus participantes. Fazem parte da rede Futebol Social projetos sociais e movimentos comunitários atuantes em periferias, favelas, comunidades ribeirinhas e quilombolas, entre outros grupos e regiões socialmente excluídos. Participam jovens de 16 a 21 anos, que vivem em situação precária de moradia (ou sem moradia), sob risco social e sem condições plenas de desenvolvimento. Desde 2004, o projeto já atendeu mais de 20 mil jovens, por meio da rede Futebol Social, que reúne anualmente pelo menos 50 entidades de diversos estados e regiões do país. Já participou de mais de 20 eventos internacionais em cinco continentes do mundo.
Atividades, eventos e torneios locais são realizados em diversas cidades, em conjunto com outras ações comunitárias e de cidadania. Por meio de diversas ações, a Ong busca proporcionar experiências de vida únicas a jovens que têm no esporte a chance de conhecer outras realidades e viver momentos de lazer e entretenimento, acreditando serem poderosas ferramentas na luta contra a pobreza e a violência do dia a dia. “Futebol Social: ganhar é virar o jogo!” é o lema da Ong. Um dos resultados do projeto é a formação das seleções brasileiras masculina e feminina que jogam o Campeonato Mundial de Futebol Social (Homeless World Cup) e outros eventos internacionais.
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