Sem criatividade você engessa o indivíduo

Você já se perguntou se seria possível medir as capacidades e habilidades criativas dos estudantes em sala de aula? Sim, é possível! A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por meio do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa 2022), conseguiu medir, pela primeira vez, as habilidades de pensamento criativo de quase 700 mil estudantes de 15 anos, em 64 países.

Isso mostra o que eu já acredito há muito tempo: a criatividade é um componente extremamente importante no aprendizado, pois vai além do que é a retenção do conhecimento na sala de aula. Ela ajuda o indivíduo a caminhar em um mundo cada vez mais complexo. Sem a criatividade você engessa o indivíduo.

E essa pesquisa da OCDE aponta as fragilidades e o que necessita ser melhorado nos sistemas educacionais. Durante a sua apresentação, Andreas Schleicher, diretor de Educação da OCDE e principal idealizador do programa, destacou algumas conclusões relacionadas à criatividade.

Os sistemas educacionais fortes se destacam na criatividade, mas alguns dos melhores desempenhos em matemática experimentam quedas significativas no desempenho criativo;

A criatividade diminui à medida que os alunos envelhecem, com os alunos de 10 anos mostrando mais criatividade do que seus colegas de 15 anos. Isso ocorre porque crianças nascem com muita criatividade, sempre dispostas a aprender, desaprender e reaprender.

Além disso, nos países da OCDE, as meninas superam os meninos em pensamento criativo e possuem crenças mais positivas sobre criatividade, pontuando quase três pontos a mais que os meninos. A excelência acadêmica não é um pré-requisito para o pensamento criativo. Nesse sentido, o setor educacional finlandês vê a criatividade por meio do indivíduo, do processo, do produto e do ambiente, oferecendo uma estrutura abrangente para entender sua presença na educação.

O relatório também aponta que habilidades criativas podem ser desenvolvidas em sala de aula.  Professores podem desbloquear a criatividade dos alunos e incentivá-los a explorar, gerar e refletir sobre ideias. Nesse sentido, as pedagogias aplicadas em sala de aula podem fazer a diferença. Nos países da OCDE, entre 60-70% dos estudantes relataram que seus professores valorizam sua criatividade e que os incentivam a apresentar respostas originais.

Os pesquisadores propuseram ainda domínios que podem ser mensurado em eixos como: a expressão escrita, que envolve a comunicação de ideias e imaginação por meio da linguagem escrita; a expressão visual, comunicação de ideias e imaginação através de recursos visuais; a resolução de problemas sociais, que consiste em compreender diferentes perspectivas, atender às necessidades de outros e encontrar soluções inovadoras e funcionais para as partes envolvidas; e a resolução de problemas científicos, como a capacidade de gerar novas ideias, projetar experimentos para sondar hipóteses, e desenvolvimento de novos métodos ou invenções para resolver problemas.

Já avaliar e melhorar ideias refere-se à capacidade de o aluno avaliar limitações nas ideias e melhorar sua originalidade.

*Gilberto Barroso é especialista em educação e gamificação, um dos responsáveis pelo projeto Criando Juntos, do De Criança Para Criança, que tem como um dos objetivos a autonomia das crianças em sala de aula quando falamos de aprender por meio de games, vídeos, histórias e o digital.

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