Nesta semana, celebramos o Dia Nacional do Aposentado, marcando a promulgação da Lei Eloy Chaves em 1923. Essa legislação histórica instituiu a caixa de aposentadorias e pensões para os trabalhadores das ferrovias. No entanto, ao analisar a situação presente dos aposentados brasileiros, torna-se desafiador vincular essa data a uma vida serena e feliz, como muitos sonham.
A situação dos aposentados no Brasil apresenta desafios abrangentes, envolvendo não apenas questões financeiras, mas também aspectos emocionais relacionados à transição do ambiente de trabalho para a aposentadoria. A preocupação financeira é especialmente significativa, uma vez que o custo de vida sofre um aumento substancial, colocando muitos aposentados em uma encruzilhada econômica.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serasa, sete em cada dez idosos no Brasil não consideram que o dinheiro da aposentadoria seja suficiente para uma vida digna. Além disso, 58% dos idosos revelam não ter conseguido se planejar financeiramente para a melhor idade, e aproximadamente um terço deles está consumindo suas reservas financeiras acumuladas ao longo da vida.
A avaliação dos gastos revela que a saúde desponta como uma preocupação expressiva para 49% dos idosos, ficando atrás apenas dos gastos com alimentação, considerados prioritários por 69%. Essa realidade reflete a crescente demanda por recursos financeiros necessários para enfrentar despesas médicas e manter um padrão de vida minimamente satisfatório.
Ao longo da carreira profissional, é comum criar um padrão de vida que, infelizmente, nem sempre se mantém na aposentadoria. As aposentadorias costumam ser menores, o que afeta o bem-estar financeiro futuro.
Diante das dificuldades atuais, é fundamental buscar maneiras de assegurar uma renda estável no futuro. A previdência privada surge como opção para complementar a aposentadoria pública e proporcionar maior segurança financeira ao longo do tempo. No entanto, é necessário refletir mais amplamente sobre o sistema previdenciário como um todo. O modelo atual enfrenta desafios que vão além das alternativas privadas, exigindo políticas públicas eficazes para garantir uma aposentadoria digna a todos os cidadãos. Além disso, incluir medidas de educação previdenciária para os mais jovens é essencial, capacitando-os a tomar decisões informadas e preparando-os para um futuro financeiramente estável.
Dessa maneira, o Dia Nacional do Aposentado não deve se limitar a uma simples celebração, mas ser um momento de reflexão e ação. É urgente adotar abordagens mais abrangentes e políticas inclusivas para garantir que os aposentados possam realmente desfrutar de uma vida tranquila e feliz, alinhada com os sonhos cultivados ao longo de suas jornadas profissionais.
Com base nos dados do Ministério da Previdência Social, que apontam a presença expressiva de aproximadamente 39 milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a relevância de valorizar essa parcela da população se torna ainda mais evidente. Este contingente representa uma considerável fatia da sociedade, destacando a necessidade de políticas públicas robustas e abrangentes para atender às demandas específicas desse grupo.
A massa de aposentados, pensionistas e beneficiários do INSS não apenas destaca a magnitude do desafio, mas também ressalta a urgência de se desenvolver estratégias inclusivas que atendam às suas variadas necessidades. Ao priorizar a valorização desses cidadãos, o país não só honra o compromisso social com aqueles que contribuíram ao longo de suas vidas, mas também investe no fortalecimento da coesão social e no desenvolvimento sustentável.
*Jarbas Antônio de Biagi é diretor-presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).