A necessidade de isolamento traz várias situações inusitadas. É o caso do acesso dos clientes aos sistemas dos bancos. Há tempos as instituições financeiras tentam esvaziar as agências, direcionando seus correntistas para as operações on-line. Quando finalmente nos deparamos com uma contingência como a que enfrentamos hoje, vem o receio: será que as redes suportarão o aumento substancial de seu uso?
A dúvida resulta da lentidão que tem sido observada por muitos clientes ao acessar tais sistemas. Peritos na área de TI afastam o risco de que a sobrecarga gere panes, colapsos ou perda de dados, afirmando que bancos e fintechs estão prontos para mais esse novo desafio.
Isso porque o preparo para cenários disruptivos não vem de hoje. O público com mais de 30 anos lembra, como se fosse hoje, das preocupações geradas pelo “bug do milênio”. Na virada do ano 1999 para 2000, houve uma enorme preocupação com a interrupção de programas menos modernos utilizados em grandes empresas, pois as datas eram representadas somente pelos dois últimos dígitos, enquanto os programas completavam com “19” na frente, para formar o ano completo. Temia-se que, quando o ano mudasse de 1999 para 2000, os sistemas entenderiam estar no ano de 1900 (19 + 00), colapsando a transmissão e a acuidade dos dados.Graças a várias iniciativas para evitar o pior, o ano 2000 se iniciou sem maiores problemas, exceto pela decepção de alguns, que acreditavam no fim do mundo.
As atuais tecnologias preparam-se cada dia mais, tanto para o trânsito de inúmeras informações, como para ordená-las de forma proveitosa. É o Big Data fazendo-se presente em nosso cotidiano. Inúmeros profissionais debruçam-se sobre o aprimoramento e acessibilidade dos serviços on-line diuturnamente. As instituições financeiras sabem que a eficiência dessas plataformas é um diferencial que pesa na decisão dos clientes cada vez mais.
É possível que alguma lentidão ocorra, mas há motivos para acreditar que esses acessos serão cada dia mais fluídos. Assim esperamos!
*Thaís Cíntia Cárnio é especialista em Banking, professora de Direito das Relações Econômicas Internacionais, Direito Empresarial e Mercado Financeiro da Universidade Presbiteriana Mackenzie.