Setembro Amarelo: conscientização do suicídio, fatores de risco e prevenção

“A importância da data é instrumentalizar a sociedade de maneira correta e adequada a falar sobre essa realidade que existe e é muito grave”, diz psicóloga.

Complexo, delicado e ainda cheio de tabus. O suicídio não pode ser ignorado pela sociedade, e neste mês o Setembro Amarelo traz isto à tona, uma campanha nacional com o objetivo de prevenir e reduzir os índices de suicídio no Brasil. Além do mês ser voltado à temática, na próxima quinta-feira (10) é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

Foto: Unimed/Divulgação

De acordo com a psicóloga da Unimed Campo Grande, Mariela Nicodemos, “falar de suicídio é fundamental para enfrentar essa situação, pois se não falamos sobre, não criamos estratégias de enfrentamento. A aceitação é sempre o primeiro passo para mudarmos a realidade, então aceitar que o suicídio existe é conseguir pensar em estratégias de como enfrentá-lo”.

“Culturalmente o suicídio ainda é um tabu, então o Setembro Amarelo é muito importante, porque cria um espaço fundamental para trabalharmos a prevenção, que é o diálogo. A importância da data é isso, é instrumentalizar a sociedade de maneira correta e adequada a falar sobre essa realidade que existe e é muito grave”, complementa a psicóloga.

Um dos desafios da sociedade é identificar as pessoas que estão em risco ou são vulneráveis ao ato. Por isso, Mariela conta que falar sobre suicídio também é muito importante para ter estratégias de como identificar os fatores de risco. “Os dois principais fatores de risco para o suicídio: a primeira questão é a doença mental, como a depressão. O outro grande fator de risco é tentativa prévia de suicídio, quem já tentou uma vez, tem de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente”.

“Além desses dois fatores existem inúmeras outras questões para olharmos, como aspectos sociais, o gênero, por exemplo. As tentativas são mais frequentes nas mulheres, mas os homens são os que mais morrem, pois culturalmente o machismo tende a prejudicar, com que eles olhem para suas emoções e priorizem sua saúde mental. Outro ponto de atenção são os idosos. Como é que a sociedade cuida e olha para os idosos? Isso reflete, é um fator de risco para esse número continuarem aumentando. Pessoas privadas de direitos básicos sociais e histórico de violência também entram como fatores de risco”, adverte.

A psicóloga diz que ao identificar estes fatores é de extrema importância poder ser rede de apoio para quem precisa. “Quando compreendemos e identificamos no outro, alguns desses fatores de risco, quando identificamos que existe alguma pessoa com características de depressão, precisamos ser uma rede de apoio, garantir uma escuta, um vínculo de confiança onde a pessoa pode sentir-se segura em falar com você, ou não. Independente da pessoa sentir-se à vontade para tocar nesse assunto diretamente, é importante que você apresente a ela estratégias de enfrentamento, como apresentar possibilidades onde ela busque ajuda adequada”.

Mariela ainda ressalta que “cuidar das nossas emoções, do cotidiano para que possamos experimentar boas sensações, ter vínculos sociais e afetivos saudáveis, estabelecer uma boa comunicação com quem convivemos, saber dizer não, respeitar nosso limite e pedir ajuda quando necessário, são dicas de como preservar o autocuidado que nos fortalece para cuidar da nossa saúde frente às adversidades da vida”.

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