Depois de ter o show cancelado por solicitação do Corpo de Bombeiros, a cantora Delinha já pode comemorar novo local e data para o lançamento de seu DVD Sinfônico – “A vida que eu levo”. Anteriormente agendado para o Clube Estoril, agora a 78ª Expogrande abre suas portas e seu palco principal para a maior cantora da história de Mato Grosso do Sul.
Com palco e estrutura semelhante aos oferecidos aos grandes artistas nacionais, como Bruno e Marrone e Chitãozinho e Xororó, Delinha se apresenta no dia 10 de abril, a partir de 21 horas, como atração principal da grande festa agropecuária de Campo Grande. O show também será uma noite de homenagens, com participações especiais de artistas como Paulo Simões, Alex & Yvan, Marcos Roker, Grupo MDO, Marcos Riacho e Cobracarrero e Marcio Santos e Claudiney.
Comparado ao evento que seria no Estoril, pode-se dizer que a Expogrande resolveu prestar uma homenagem à Delinha, considerando que mesmo com a grade de shows já fechado com artistas nacionais, resolveu oferecer grande estrutura para a cantora. Além disso, o espetáculo ganha em estrutura e opções para o público, com mesas, camarotes, bangalôs e open bar. “A estrutura oferecida para a Delinha só o show de Bruno Marrone com Chitãozinho e Xororó terá. “Delinha merece esse reconhecimento da classe produtora responsável pela Expogrande e também do público sul-mato-grossense.” Não tenho dúvidas de que será um evento histórico”, comemora Marcos Roker, diretor geral da Mart Entretenimentos, produtora do espetáculo.
Delinha Sinfônico – A vida que eu levo
A maior cantora da história de Mato Grosso do Sul, em plena forma, no palco com sua tradicional banda, acompanhados de uma orquestra sinfônica, interpretando grandes clássicos da música sertaneja regional e brasileira. Assim vai ser o evento de lançamento do DVD “Delinha Sinfônico – A vida que eu levo”.
O DVD, aguardado com grande expectativa, é o coroamento de uma carreira profícua, na qual a cantora consolidou-se como uma verdadeira madrinha da música local, com uma obra sólida e elogiada, calcada nas legítimas tradições mato-grossenses. Por isso mesmo, Delinha também é conhecida como a “rainha do rasqueado”. A obra a ser lançada é uma iniciativa e produção da Mart Entretenimentos, com direção musical do maestro arranjador Heverton Gaido, o Amarelo, com direção executiva de Marcos Roker. A Orquestra Sinfônica de Campo Grande é regida pelo maestro Eduardo Martinelli. O material foi gravado em fevereiro de 2015, ao vivo, no Palácio Popular da Cultura para um público estimado em três mil pessoas. Foram gravadas e captadas 12 canções, e contou com as participações especiais de João Bosco & Vinícius na canção “Prazer de Fazendeiro” e de Marcos Roker, em “Entre lágrimas”.
Delinha, vida e obra
Delanira Pereira Gonçalves nasceu no distrito de Vista Alegre, município de Maracaju. Ainda menina veio com a família viver em Campo Grande, no bairro Amambaí, onde mora até hoje, na conhecida “velha casinha”.
Sua carreira como artista começou em parceria com o primo José Pompeu, o Délio. Iniciaram a carreira artística profissional na década de 1950, na mesma época em que haviam se casado. Cantando, de início, em festas e programas de auditório, conquistaram rápida popularidade, que incentivou o casal a seguir em frente com maiores desafios.
Pouco tempo depois de casados, Délio e Delinha trocaram Mato Grosso pela Capital paulista, onde atuaram nas Rádios Bandeirantes e Nove de Julho. Delinha contava com apenas 19 anos de idade, na época. A mudança para São Paulo-SP foi incentivada pelo compositor sul-mato-grossense Zacarias Mourão e, além de atuarem nas duas emissoras de rádio, a dupla assinou contrato com a gravadora Califórnia, na qual gravaram no dia 26/03/1959 o primeiro Disco 78 RPM, tendo no Lado A o rasqueado “Malvada” e no Lado B o rasqueado “Cidades Irmãs”.
No ano seguinte, no dia 29/03/1960, a dupla gravou também na Califórnia o segundo Disco 78 RPM, tendo no Lado A o rasqueado “Prenda Querida” e no Lado B a guarânia “Meu Cigarro”.
Assim, Délio e Delinha foram ganhando fama em nível nacional e eram conhecidos carinhosamente pelo grande público como o “Casal de Onças do Mato Grosso” (na época, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul eram ainda o mesmo Estado). A dupla gravou suas músicas em diversos ritmos de raiz, tais como o Maxixe mato-grossense, a cana verde, o arrasta-pé e, principalmente, o rasqueado. A quase totalidade do repertório de Délio e Delinha é de composições próprias, tendo eventualmente parceria com compositores tais como Constantino Gallardi, Joaquim Marcondes e o Comendador Biguá. Délio e Delinha também participaram da gravação da trilha sonora do primeiro filme estrelado pela inesquecível dupla Tonico e Tinoco, com a canção “Lá No Meu Sertão” de Eduardo Llorente, em 1961. No entanto, a vida em São Paulo, não foi nada fácil. De acordo com Délio, “tínhamos um sofá-cama lá em São Paulo-SP e eu atrasei o pagamento. A dona da casa me tomou o sofá…”
Apesar de a dupla ter se realizado artisticamente na capital Paulista, a saudade foi muito maior e Délio e Delinha decidiram retornar ao querido Estado do Mato Grosso, ainda na década de 1960. Ocorreu também o divórcio após os 25 anos do casamento. A dupla, porém, chegou a se reunir novamente em 1978, ocasião na qual lançou o disco independente “O Sol e a Lua”. E, em 1993, influenciados por antigos admiradores, somados a uma numerosa geração jovem, que veio aos poucos descobrindo seu belíssimo repertório, a dupla reapareceu em algumas apresentações públicas.
Sem Délio, Delinha manteve uma sólida carreira solo, além da dupla com Jairo. Mulher forte, determinada, enfrentou as dificuldades e manteve em pé sua arte, se apresentando hoje com o grupo Antigo Aposento, do qual faz parte o filho João Paulo Pompeu. Cantora, compositora e inspiração para as novas gerações, Delinha tem estilo próprio e sua obra é original e verdadeiro patrimônio cultural brasileiro, e assim ela define sua carreira e estilo: “A influência nossa é uma coisa criada… da nossa origem. Ninguém ensinou nóis”.
Embaixadora
Recentemente, Delinha foi nomeada como embaixadora da cultura em Campo Grande. A honraria – concedida através de Projeto de Lei dos vereadores Vanderlei Cabeludo e Eduardo Romero e aprovado por unanimidade e, posteriormente, sancionado pelo prefeito municipal -, transforma a dama da música local como representante da cultura campo-grandense em eventos locais e externos, bem como lhe dá a competência de representar a municipalidade nas coisas da cultura da cidade. Vanderlei Cabeludo, um dos autores do projeto, diz que “Delinha, na prática, já é embaixadora cultura de Campo Grande desde o início dos anos 1960 quando, estabelecida em São Paulo com o parceiro Délio, e gozando de grande prestígio junto às gravadoras e as rádios, começou a levar novos artistas daqui para gravar e se apresentar na maior cidade do Brasil. Graças a isso, artistas como Zé Corrêa e Amambai e Amambaí conseguiram gravar e mostrar seus trabalhos. E Delinha sempre foi uma artista generosa. O Tostão conta que, além de ser levado por ela para gravar em São Paulo, só conseguiu cantar quando Delinha, dentro do estúdio, segurou suas mãos. Isso mostra como ela é importante para nossa cultura, com sua bondade, carinho e cuidado também com os novos artistas”, finalizou Cabeludo.
Nos dias atuais, a obra de Delinha vem sendo descoberta e reverenciada também pelas novas gerações e se tornando, definitivamente, referência cultural e inspiração para uma nova geração de artistas, particularmente de cantoras, através de sua obra, composta de 19 LP’s, 14 discos de 78 rotações, 3 CDs e 2 DVDs.
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Serviço
Show de lançamento do DVD “Delinha Sinfônico – A vida que levo”
Dia 26 de março de 2016, sábado.
Horário: 21h
Local: Clube Estoril
Informações: 67-9870.0121
Pontos de venda convite/mesas: Lojas do Gugu Lanches