Um mês e o tempo voa, eu já sou
E você nem descobriu São dois e chega perto, mas eu ainda sou Pequeno demais, viu?
Três meses e o tormento. Esse teu sofrimento eu também já posso sentir
Vê se aquieta o coração, Pra quando eu sair daqui
Talvez eu dê trabalho, uma vida de despesas Mas por favor me deixa ficar
E se por um acaso, eu não tiver seus olhos Você ainda vai me amar
Eu sei que ansiedade, é quase uma inimiga Mas eu não quero ser confusão
Então por favor, me deixa na sua vida Mas vê se aquieta o seu coração
Se é tempestade, todo medo Se for arrependimento, por favor tira daí
Você ainda não me tem inteiro Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir
E quando a barriga for crescendo Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver
Seca o choro e fica aqui comigo Que até assim tristinha, eu já sei que eu amo você
Quatro meses, tempo eu te imploro paciência Eu vim do céu por causa do amor
No quinto faltam quatro e eu aposto que os presentes Já tão vindo em rosa ou azul
E quando chega o sexto todo mundo já viu Que você não anda sozinha
O sétimo eu já tenho lencinhos com meu nome Desculpa pai, mas ela é só minha
Se é tempestade, todo medo Se for arrependimento, por favor tira daí
Você ainda não me tem inteiro Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir
E quando a barriga for crescendo Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver
Seca o choro e fica aqui comigo Que até assim tristinha, eu já sei que eu amo você
Oitavo mês aguenta, que eu já tô chegando Só quero um jeito de te encontrar
No nono vem a pressa, a dor, o choro a gente Desculpa você ter que sangrar
E por mais uns anos você vai fazer planos Pensando se eles servem pra mim
E eu vou te acordar, bem de madrugada Você vai me amar mesmo assim
O meu primeiro passo, vai ser no seu abraço Me segura quando eu cair
E no final do dia é só a tua voz Que vai poder me fazer dormir
Se é tempestade, todo medo Se for arrependimento, por favor tira daí
Você ainda não me tem inteiro Nem me conhece direito, mas já posso te ouvir
E quando a barriga for crescendo Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver
Hum… seca o choro e fica aqui comigo
Que até assim tristinha, eu já sei que eu amo você (Nove Meses – Barbara Dias)
No pai o desejo de ser e se ver prolongado em outra vida, respirando o próprio ar e quando se percebe pela primeira vez que a vida que ajudou a gerar vai seguir seu caminho de exemplo e de gentileza o mundo toma outra dimensão. É o sonho palpável. O filho para a mãe já é diferente. Ela já é atraída pelo enigma, prefere olhar o labirinto em forma de passos e se perde nos sorrisos. Um filho me trazendo um suco, o homem vê a fraternidade, o ensinamento; a mulher vê o coração batendo, o olhar pranteando. E esta história que contarei hoje parece a história da mãe que reencontra o filho tempos depois.. A história começa com Bárbara aos 17 anos sabendo que uma amiga da mesma idade havia engravidado. Mas abraçada com a poesia e vendo que os sentimentos de uma mãe tão jovem, estava se tornando um turbilhão, resolveu dizer tudo em forma de canção, para que ela visse aquele filho como um presente, assim como a música. Esta melodia traz versos como “Esse teu sofrimento eu também já posso sentir/ Vê se aquieta o coração pra quando eu sair daqui”. No coração de Bárbara Dias bate mais forte o sertanejo. O verdadeiro, o que fala das paixões, da vida, dos sonhos e da saudade.
Por outro lado, a amiga, Marianne Suarez, hoje tem em seus braços o Bernardo, mas certamente esta música, toca mais alto em coração e certamente de toda mãe que ouvir. É a nova geração cheia de amor e sentimento, e que isto nunca nos falte.. Barbara, por sua vez, acredita que pra se feliz não precisa de muito. Um violão no canto da sala, um pouco de emoção, um pouco de amor à vida, as pessoas e deixar a gratidão sempre presente. Quem sabe ouvindo com carinho e atenção a música “9 meses” o leitor também não tenha um outro olhar sobre o amanhã. O violão magistral é de Márcio Souza e a voz, claro…Barbara Dias.
(*) Articulista e Crítico Musical.