No período de um ano, cortes nobres como a picanha, contrafilé e filé-mignon ficaram mais salgados nos açougues de Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do Brasil, mas também houve a valorização de cortes comuns. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os principais cortes da carne bovina no varejo fecharam setembro com valorização média de 13,26%, em relação ao mesmo período do ano passado. Com destaque para o acém, que apresentou alta de quase 38%, representando um aumento de mais de R$ 5,00 em um ano. Como alternativa para suavizar os preços de alguns cortes, nobres e comuns e garantir rentabilidade à fazenda, tem pecuarista fazendo uso de tecnologia importada.
A falta de animais para abate, justificativa para a valorização de terneiros, touros e arroba do boi, também se encaixa para a constante alta nos cortes, de acordo com a entidade de pesquisa. Em Rondonópolis, a alternativa que um dos maiores criatórios da raça Senepol do Brasil encontrou, para impactar positivamente na renda da propriedade e na economia do consumidor final, foi aderir as técnicas que uma empresa de tecnologia genética importou dos Estados Unidos. Um software que se utiliza da ultrassonografia, para diagnosticar os animais com maiores potenciais de gerar filhos com alto rendimento nos cortes nobres.
A espessura da gordura na picanha, a qualidade da carne e o tamanho do filé mignon são possíveis medir por meio da técnica, empregada em mais de 3,6 mil animais Puros de Origem (PO), que integram o plantel Senepol Água Limpa. “A partir da análise, selecionamos os melhores reprodutores e matrizes para comercializarmos. Esses animais cruzarão com outras raças, como a nelore, por exemplo, e vai gerar animais ainda mais eficientes e de alta produtividade e rendimento nos cortes”, destaca o gerente geral da propriedade, Rodrigo Matos, referindo-se à seleção, a favor do cruzamento industrial, realizado por seus clientes.
De acordo com Matos, podem-se relacionar as médias da ultrassonografia também às médias dos cortes do traseiro, quantidade de gordura subcutânea e intramuscular, conhecida como marmoreio, características com grande influência na qualidade da carne. A técnica que faz parte de um programa de melhoramento genético é aplicada há três anos no Senepol Água Limpa e, apesar de não ser uma novidade para muitos, chama a atenção pela eficiência na aplicação ao Senepol. A raça que que concentra seu maior rebanho em terras brasileiras, tem apresentado resultados acima do esperado.
O clima tropical do Caribe, região de origem do Senepol, contribui para a fácil adaptação da raça nas fazendas do Centro-Oeste e outras regiões do País, apresentando resultados eficazes na reprodução já nos primeiros anos. A inseminação artificial foi deixada de lado por muitos pecuaristas após o uso da Senepol nos cruzamentos industriais, que visavam a maior produção de proteína. ”A inseminação exige muita mão-de-obra qualificada e uma boa infraestrutura para a realização dos serviços. Com o Senepol, podemos dispensar tudo isso e produzir bezerros de alto vigor hibrido nas regiões de maior intensidade de calor e baixa qualidade nutricional das pastagens como exemplo o Pantanal”, detalha Matos, ao citar o papel da raça no rendimento frigorífico e na produtividade de um plantel. “Com touros Senepol, podemos recorrer ao sistema tradicional de monta a campo e produzir animais com alto desempenho de peso, rendimento e acabamento de carcaça. A média de cobertura para o touro senepol aos 20 meses de idade é de um touro para cada 50 vacas, enquanto que na raça nelore aos 36 meses é necessário um touro para cada 25 vacas, detalha o gerente da Senepol Água Limpa.
Além das técnicas empregadas pela empresa americana, que dimensiona o rendimento frigorífico do rebanho por meio da ultrassonografia, o maior criatório da raça Senepol também se utiliza do Programa de Melhoramento Genético Embrapa Geneplus, que contribui para a seleção detalhada dos animais que vão gerar progênies com impacto econômico para o criatório, seu cliente e o consumidor final da proteína vermelha.
Fonte: Rica Comunicação