São Paulo mira investimentos externos para impulsionar energia verde

Etanol e derivados atraem interesse de europeus e asiáticos

Maior economia do Brasil, São Paulo aposta no etanol e seus subprodutos para pavimentar o caminho da transição energética e está de olho em investimentos estrangeiros, sobretudo do Oriente Médio e da China, mas também da União Europeia, para financiar projetos no estado.

Lucas Ferraz secretário de Negócios Internacionais do estado de São Paulo

Lucas Ferraz, secretário de Negócios Internacionais do estado de São Paulo (Foto: Divulgação)

Em um 2024 com o Brasil no centro das atenções por causa da presidência do G20, São Paulo quer se apresentar como um dos maiores exportadores de etanol no mundo, que busca alternativas para limpar sua matriz energética.

“Somos o maior produtor de etanol no Brasil, com 40% a 45% do total, e queremos estimular essa produção para ter uma energia mais limpa”, diz à Ansa Natália Resende, secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística.

“Já fomentamos mais de R$ 17 bilhões em projetos nessa parte de energia renovável, São Paulo está muito preparado para receber investimentos”, reforça Resende, lembrando que o estado, assim como o Brasil, mira atingir a neutralidade em carbono até 2050.

Amplamente utilizado em automóveis, o etanol também pode gerar diversos subprodutos úteis para a transição energética, como hidrogênio verde, biogás, biometano e combustível sustentável de aviação (SAF).

“De maneira geral, há um espaço enorme para ser investido nessa área por empresas estrangeiras, sobretudo quando se fala de duas coisas: hidrogênio verde e SAF, algo que o mundo inteiro vai precisar. Estimamos que São Paulo vai exportar SAF para Europa e Estados Unidos, que não terão oferta suficiente para suprir essa demanda”, afirma à Ansa Lucas Ferraz, secretário paulista de Negócios Internacionais.

Esse tema esteve no centro de sua recente missão na COP28, em Dubai, e em Abu Dhabi, onde a delegação de São Paulo buscou investidores potencialmente interessados no tema da transição energética, como o Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos.

“A União Europeia e os Estados Unidos são fontes consolidadas e continuarão investindo no Brasil, mas estamos atrás de novas fontes, como o Oriente Médio e a Ásia de uma maneira geral.

Atrair investimentos chineses para infraestrutura é uma prioridade”, ressalta o secretário.

Mas isso não quer dizer que investidores já tradicionais não estejam de olho em oportunidades no campo energético. “Tem muita procura de países europeus, embaixadores pedindo agenda com o governo, tentando entender e prospectar projetos aqui em São Paulo”, conta Resende.

Recentemente, o estado apresentou na Universidade de São Paulo (USP) uma estação experimental de abastecimento de veículos com hidrogênio verde produzido a partir do etanol. O desafio agora, segundo a secretária, é ganhar escala para dar “viabilidade econômica e financeira” a projetos desse tipo. “A gente tem lançado linhas de financiamento nao só para hidrogênio verde, mas também para hidrogênio de baixo carbono”, diz.

O governo paulista também está de olho em recursos estrangeiros para seu plano de privatizações, com destaque para a da Sabesp, já autorizada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), e da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), além de projetos de infraestrutura, como o trem entre São Paulo e Campinas e a ligação seca Santos-Guarujá.

“Temos já qualificados projetos que totalizam cerca de R$ 40 bilhões em investimentos”, ressalta Ferraz, que ainda pretende aproveitar o aniversário de 150 anos da imigração italiana no Brasil, celebrado em 2024, para estreitar as relações com o país europeu. “Nossa ideia é, trabalhando junto com o Consulado da Itália, desenhar políticas para nos aproximarmos ainda mais”, garante.

Com informações da Ansa Brasil

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