A realidade da profissional que é mãe ainda é muito delicada no Brasil. Segundo pesquisa divulgada pela empresa de recrutamento Catho, as mulheres deixam cinco vezes mais o mercado de trabalho que os homens após a chegada dos filhos. As mães que desejam recolocação também encontram dificuldade, cerca de 27% delas, de acordo com o estudo Mulheres e o Mundo Corporativo. Para voltar à ativa e garantir uma renda no final do mês, muitas profissionais com crianças pequenas em casa encontram a solução nos aplicativos de economia colaborativa.
Esse é o caso da publicitária Vanessa Miry, de 47 anos. Mãe da pequena Lara, 5 anos, Miry foi demitida da última empresa em que trabalhou porque vivia uma gravidez de risco. A dificuldade de encontrar um novo emprego permaneceu após o nascimento da filha. “Eu fiz entrevista em diversas companhias, mas a minha idade e o fato de ter uma criança pequena em casa dificultaram a minha volta ao mercado de trabalho”, explica. Há dois anos, o cachorro da família faleceu e, navegando na internet, encontrou a DogHero, plataforma que conecta mães e pais de cachorro a anfitriões que hospedam os pets em casa, que hoje é a sua principal fonte de renda. “Vi na plataforma uma forma de cuidar de vários cães sem o risco de me apegar muito, ocupar a cabeça e construir uma renda”, conta a anfitriã que ganha cerca de R$ 2 mil por mês. Em época de Natal e Ano Novo, o valor dobra.
O setor imobiliário também vem abrindo porta para mães, que buscam a retomada na carreira. Segundo pesquisa feita pelo Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo (SCIESP), o número de mulheres no mercado imobiliário não para de crescer, atualmente cerca de 40% da classe de corretores de imóveis é feminina.
Camila Villanueva, head de vendas da EmCasa, imobiliária digital que tem como objetivo transformar a maneira que o brasileiro compra ou vende imóveis, deixou o emprego um pouco antes de engravidar. Ao tentar voltar, após o sexto mês de vida de sua filha, era questionada sobre seu estado civil e se tinha filhos. “Eu tentei por um ano me recolocar no mercado, mas não obtive sucesso”, explica Villanueva. Formada em Direito, ela cogitou a possibilidade de trabalhar como corretora de imóveis e hoje exerce um cargo de liderança na EmCasa. “Sim, eu sou mulher. Sim, eu sou mãe, mas, sim, eu também sou profissional, quero ter minha carreira e também quero evoluir”, diz.
Outra solução encontrada por muitas mulheres é se tornarem autônomas. Com a maternidade, o gerenciamento do tempo costuma se tornar um problema e, para auxiliá-las neste cenário, a eduK, plataforma de ensino especializada em auxiliar quem deseja trabalhar por conta própria, oferece, mais de 1.400 cursos em áreas como gastronomia, artesanato, fotografia, moda, beleza e negócios. Além de ferramentas para melhoria da produtividade, redução de custos e aumento de vendas. “Estamos cada vez mais próximos da era do pós-emprego, onde as pessoas não terão mais ocupações formais, e, ao invés disso, vão trabalhar e ganhar dinheiro por conta própria”, explica Renato Cagno, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da plataforma, que tem mais de 65% de alunas do sexo feminino.