A indústria brasileira de petróleo e gás é uma das chaves para a retomada econômica do país. Com números crescentes de produção e boas perspectivas de investimentos por meio de leilões, o setor tem protagonizado diversas notícias sobre a influência do setor na economia geral do país, mas não podemos sucumbir ao erro de ignorar os gargalos que impedem um panorama mais otimista. Ao mesmo tempo em que enfrentamos um momento delicado no setor, é fundamental também olhar para as oportunidades de melhoria e garantir uma alta eficiência na indústria de óleo e gás. O cenário é ideal para que as empresas do nosso país alcancem o seu melhor e invistam em tecnologias que assegurem um futuro sustentável.
Segundo a mais recente pesquisa Digital Energy Survey, da Accenture, envolvendo companhias de todo o mundo, até 80% das empresas do segmento de óleo e gás planejam manter ou aumentar seus investimentos em tecnologias digitais, como forma eficiente de melhorar a produtividade e aprimorar processos. Uma aplicação de destaque é a análise de dados, o que permite a visibilidade em tempo real de todos os componentes de uma plataforma de extração de petróleo, possibilitando que informações técnicas sejam gerenciadas, rastreadas e analisadas, qualquer que seja a fonte.
Atualmente, um dos desafios mais iminentes do mercado é encontrar um meio de maximizar o output dos poços (ou seja, o processamento e a saída da produção), considerando sua durabilidade e as variações de demanda na ponta. Há um investimento muito alto nesses poços, e diversas variáveis influenciam o trabalho das distribuidoras, que precisam analisar, a cada caso, as melhores condições de preço, impostos, e custos de transporte, sem que isso signifique uma quebra de estoque ou necessidade de armazenar mais combustível do que a capacidade dos tanques.
Esse complexo quebra-cabeças diminui a rentabilidade de operações em todo o mundo, mas no Brasil há agravantes que aumentam ainda mais as incertezas. Alguns exemplos são o nosso complexo sistema fiscal, os custos de transporte entre diferentes regiões do país e as restrições para a circulação de caminhões em certas áreas. Além desses fatores, ainda há outras partes do quebra-cabeça para o planejamento eficiente: poucas empresas locais para realizar a venda de combustível e altas taxas para compra e deslocamento, o que leva muitas distribuidoras a optarem por adquirir parte de sua produção do mercado exterior.
Na indústria de petróleo e gás, desafios de logística são a norma e não a exceção. Diante desse cenário, o mercado tem recorrido à tecnologia de ponta e ferramentas para que suas operações forneçam uma visão integrada capaz de lidar com mudanças diárias, semanais e mensais, de forma mais controlada e assertiva.
Esses avanços tecnológicos estão no caminho para revolucionar o setor, solucionando problemas de planejamento e otimização da cadeia de suprimentos por meio de softwares flexíveis e dinâmicos. Alguns dos maiores grupos multinacionais de óleo e gás já têm utilizado plataformas que automatizam processos, uma maneira de facilitar a tomada de decisões e independência de recursos humanos para tarefas, possibilitando, assim, que os profissionais da área direcionem sua inteligência para funções mais estratégicas, como identificar ineficiências e desperdícios.
Em um mercado com características tão peculiares (com cadeias de suprimentos complexas, multicamadas e interligadas) é fundamental contar com o auxílio daquilo que há de mais moderno em termos tecnológicos. O momento para que as empresas brasileiras embarquem nessa tendência é agora, para assim permitir que os bons ventos que sopram na indústria nos levem ainda mais longe.
* Rodrigo Baptista é pós-graduado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), possui mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia e no território da América Latina, com vivência em ambientes de vendas de solução e serviços. Atualmente, é diretor da Unidade de Negócios da Quintiq, na América Latina.