O mundo ainda se ressente do maremoto Covid-19 que, ressalte-se, não terminou. Essa tempestade auxiliou na desorganização das cadeias globais de produção, o que incrementou a carestia, a inflação e diversos outros problemas sociais.
Somado a isso, as constantes tensões e conflituosidades globais, que têm na Guerra da Ucrânia seu mais potente exemplo, ao incentivar as quebras na produção internacional de produtos e serviços, estimulam um movimento de aportes de recursos e investimentos em localidades mais amistosas.
A esse fenômeno é dado o nome de “friendlyshoring”. São novos incentivos materiais e adequações institucionais à reindustrialização, ao trabalho, à inovação e ao empreendedorismo.
Dessa maneira, os recursos aportados se multiplicam em áreas como as de saneamento, saúde, segurança, educação inclusiva e proteção social. Com tal incremento, a emancipação individual e a inclusão social são consequências naturais das novas políticas públicas inclusivas, financiadas por tais valores.
Para que esse ciclo inclusivo aconteça, entretanto, são fundamentais a estabilidade e a segurança das instituições nacionais.
Ao contrário do que se viu na cerimônia de posse do novo governo, quando a Diversidade e a Inclusão subiram a rampa embaladas pelo Trenzinho do Caipira de Villa Lobos, nesse último dia 8 de janeiro a infâmia e o capacitismo invadiram o Planalto, deixando um rastro de destruição e desrespeito enquanto maculavam importantes símbolos da cultura e da democracia do Brasil.
O terrorismo antidemocrático e reacionário favorece a manutenção dos fundamentos capacitistas e excludentes da sociedade ao prejudicarem a estabilidade institucional brasileira, tornando inviável o movimento de “friendlyshoring”.
Portanto, o julgamento dos crimes cometidos, seja por ação direta, indireta ou por omissão, desde que respeitados os Direitos Humanos, é requisito necessário para a reafirmação do marco institucional brasileiro como seguro e estável.
Só assim conseguiremos assegurar a vinda de recursos necessários ao financiamento de políticas públicas que estruturem o desenvolvimento nacional de maneira sustentável, inclusiva e Justa.
*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Sociais. Escritor, professor e palestrante