Uma longa caminhada

Medalhista olímpica em Atlanta (1996), Ana Moser é criadora e presidente do Instituto Esporte & Educação.

Ana fundou o IEE em 2001 (Luiz Doro / adorofoto)

O esporte brasileiro vive dias de muitos questionamentos e necessidade de mudanças, com muitos desafios pela frente, em todos os níveis. A minha visão sobre os benefícios que o esporte traz para a sociedade vai muito mais além do que quadros de medalhas. Acredito que todas as pessoas têm que ter direito ao acesso à prática do esporte e ao desenvolvimento das suas capacidades pessoais, físicas e mentais, conforme falam a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O Brasil tem um enorme potencial e tenho certeza de que pode um dia chegar a ser considerado uma potência esportiva. Porém, esse dia só chegará quando tivermos uma população ativa e saudável, a qual atua dentro de uma cultura do dia a dia de práticas esportivas. Esse é um dos desafios do Instituto Esporte & Educação (IEE), criado por mim em 2001, e que, ao longo desses 16 anos, já atendeu, direta e indiretamente, mais de 3 milhões de crianças e jovens pelo país, além de ter capacitado em esporte educacional mais de 35 mil professores.

Ana Moser, medalhista olímpica e presidente do IEE (Luiz Doro/adorofoto)

Todo esse trabalho contínuo, diário e ininterrupto só é possível porque existem empresas que estão dispostas a investir no IEE, no Terceiro Setor. Se o esporte dependesse apenas dos recursos que o governo disponibiliza, estaríamos muito piores. Em alguns orçamentos, a pasta do Esporte recebe menos de 1% do valor total. Bilhões de reais por ano na saúde poderiam ser economizados se a atividade esportiva estivesse no cotidiano dos brasileiros.

Investir e se associar com uma entidade do Terceiro Setor, que busca o bem-estar social, tentando suprir carências da população em diversas áreas, pode trazer muitos benefícios para as empresas. Além de se comprometer com a responsabilidade social, que é – ou deveria ser – muito importante para os valores e missão de uma companhia, o investidor ainda ganha com o retorno gerado pelo trabalho da instituição apoiada.

O IEE, por exemplo, conseguiu dar de retorno para seus parceiros, apenas nos oito primeiros meses do ano, mais de R$ 2,8 milhões. Em 2016, esse valor foi de R$ 6,813 milhões. Esses valores são calculados de acordo com o espaço conquistado pelo Instituto na imprensa nacional, com a divulgação do seu trabalho e ações e, consequentemente, dos seus parceiros e patrocinadores dos projetos. São valores grandes, principalmente considerando o atual estado da crise no país.

Ao longo dos anos, foram mais de 80 empresas que resolveram apostar no IEE e no Terceiro Setor e viram como investir na área traz benefícios para todos, principalmente para a população.

Nesses 16 anos já avançamos muito, mas ainda falta um longo caminho a percorrer para chegarmos onde devemos estar. Porém, se essa caminhada é feita em parceria, ela tem muito mais chances de se tornar menor e o destino final, lá na frente, ser alcançado: um melhor futuro para o esporte e para o país.

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