Os índices de vacinação contra a hepatite B no Brasil nunca estiveram em patamares tão baixos: o percentual de bebês vacinados caiu de 86% em 2018 para 75,2% em 2022 — os dados preliminares foram divulgados pelo site do Ministério da Saúde, a partir de estudo realizado pelo Observa Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A progressão da doença tem consequências mais graves em crianças do que em adultos e especialistas destacam a importância da imunização.
Como explica o médico pediatra e professor do curso de Medicina da Uniderp, Walter Peres, o sistema imunológico durante a infância ainda está em desenvolvimento e a contaminação pelo vírus da hepatite B (VHB) tem mais chance de ocasionar doença crônica. “O risco de infecção é maior nas duas primeiras semanas de vida do bebê e a transmissão pode acontecer da mãe para o feto na gravidez, assim como durante e após o parto”, afirma o médico.
O VHB está presente no sangue e em outros líquidos corporais, como a saliva, o sêmen e secreções vaginais da pessoa infectada. Outras formas de contaminação podem ocorrem por meio do contato com pequenos ferimentos na pele e nas mucosas, transfusões sanguíneas e pelo uso de drogas injetáveis ou material contaminado (como alicates de unha, por exemplo).
A hepatite B ataca, preferencialmente, as células do fígado (hepatócitos) e causam um processo inflamatório que provoca dores abdominais, náuseas, vômitos, febre, cansaço, tontura e icterícia (cor amarelada na pele e conjuntivas). Em quadros crônicos, a doença pode provocar cirrose hepática e câncer. O diagnóstico é realizado por meio de exame de sangue, além de testes rápidos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para a imunização, é necessária a vacinação logo nas primeiras 24 horas de vida, com pelo menos mais 2 doses de reforço (no SUS são realizadas mais 3 doses: uma aos 2 meses de idade e as outras aos 4 e 6 meses). Pessoas adultas que não foram vacinadas quando crianças podem procurar pelo serviço do SUS para serem imunizadas em um esquema de três doses. Já, os indivíduos que convivem com o HIV e imunodeprimidos precisam seguir um esquema especial, com doses reforçadas periodicamente.