Um grupo de 30 famílias assistidas pelo programa Mais Leite, do Senar/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, em Anaurilândia, região leste de Mato Grosso do Sul, encontrou na orientação técnica e gerencial as respostas para melhoria da produção e da melhor lucratividade da atividade leiteira.
O município tem como principal atividade econômica a pecuária de corte, totalizando um rebanho de 288.869 cabeças, já a bovinocultura de leite produz anualmente 7.657 mil litros, segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A implantação da metodologia de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial há cerca de dois anos possibilitou mudanças no processo produtivo e as capacitações profissionais, além de ampliar os conhecimentos dos produtores acerca da atividade, consolidam as orientações técnico-gerenciais indicadas pelo técnico de campo.
Neste grupo, em especial, o técnico responsável, Ronaldo Bandoch, percebeu a participação ativa da agricultura familiar na figura das esposas e sugeriu a realização do curso de Derivados de Leite. O resultado foi tão positivo que ao longo do ano foram concluídas quatro turmas, entre alunos da área rural e urbana. “Percebi que a capacitação poderia agregar conhecimento ao trabalho das famílias e a receptividade foi ótima, pois, algumas concluintes estão estudando a possibilidade de formalizar a produção dos subprodutos do leite”, comenta.
Bandoch acrescenta que o diferencial do ATeG Mais Leite é levar muito mais do que orientação técnica, visto que enxerga a situação econômica e social das famílias. “Minha maior satisfação é acompanhar o desenvolvimento da turma. Eu digo a eles que o resultado não depende só do meu trabalho, mas do comprometimento de cada um. Só assim podemos crescer”, pontua.
Agricultura familiar em destaque – Produtora familiar e professora do ensino fundamental, Dalva Correa Perez mora com a família na Estância São Francisco, no município de Anaurilândia. Além de receber atendimento do ATeG Mais Leite, participou do curso de Derivados de Leite e revela que o conteúdo promove o fortalecimento do setor rural. “O treinamento contribuiu para o aperfeiçoamento na produção de queijos e doce, que produzo para consumo da família. No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a valorização que o Senar/MS nos proporciona”, declara emocionada.
Defensora apaixonada do setor agropecuário, a produtora argumenta que é preciso ficar claro que os trabalhadores do meio rural procuram qualificação e aproveitam todas as oportunidades que promovam conhecimento. “Minha família trabalha há 50 anos com leiteria, meus pais, eu, meu esposo e meus filhos também aprenderam o manejo. Tenho orgulho desta profissão e posso afirmar que sempre procuramos nos atualizar. Com apoio do sindicato rural e do Senar/MS estamos modificando nossa história para melhor”, complementa.
José Ivo de Souza sempre trabalhou com pecuária de leite e há 10 anos é dono do próprio negócio, na Estância São José. Junto com a esposa, Delúcia Duarte de Souza comemora os resultados da assistência oferecida pelo Senar/MS e pontua as mudanças que melhor impactaram na produção. “Por falta de recursos, tive que investir aos poucos e o Ronaldo me ajudou muito nisso. O primeiro passo foi melhorar a alimentação dos animais produzindo ração aqui mesmo. Por isso, plantamos milho, cana-de-açúcar e recentemente, iniciamos cultivo de mandioca para aproveitamento das folhas. O resultado foi que minha produção aumentou de 100 para quase 300 litros de leite, diariamente”, detalha.
Delúcia ficou animada com as técnicas oferecidas na produção de subprodutos do leite e acredita que pode ser uma alternativa de renda para as famílias da região. “Reunimos um grupo de mulheres e gostamos muito do que foi apresentado pela instrutora. Além de aumentarmos nossas opções na produção de alimentos, podemos nos organizar junto aos órgãos competentes e buscar a comercialização formal de vários derivados”, observa a esposa.
A presidente do sindicato rural de Anaurilândia, Ligia Franciscon Ricardo, considera que o programa do Senar/MS alia transferência de tecnologia e acompanhamento técnico, proporcionando segurança na tomada de decisões do produtor. “Sabemos que a atividade de leite possui muitas particularidades e requer muita dedicação do produtor. Por isso, acredito que a metodologia utilizada é muito assertiva, tanto que o Mais Leite tem gerado demanda no sindicato, com pessoas interessadas em participar ao ver os resultados alcançados pelos vizinhos e conhecidos”, relata.
Sobre as capacitações oferecidas pela instituição na área de Promoção Social, Ligia observa: “Nosso comprometimento enquanto representantes do setor rural é intermediar a informação e nos colocarmos à disposição para esclarecimentos de assuntos ligados às atividades agropecuárias. No caso do curso de Derivados de Leite resolvemos disponibilizar orientação profissional para as famílias que queiram investir na produção comercial”, conclui.