Bastante animado com o resultado da audiência pública sobre a valorização do futebol amador realizada nesta quarta-feira, o vereador Francisco Saci (PTB) acredita que uma comissão de trabalho deverá ser um dos resultados mais importantes do debate. “A participação das pessoas que atuam no futebol amador foi animadora. Consequentemente muitas idéias surgiram e esperamos agora continuar com essa discussão para criar esse projeto de fomento a essa prática esportiva”, colocou Saci, proponente da audiência.
A audiência reuniu mais de 20 representantes de clubes, ligas esportivas, técnicos, atletas, além de cronistas esportivos e representantes do poder público. Em regra, todos concordam que falta apoio à prática do futebol amador, apontado como principal ferramenta de integração nas comunidades e um meio de tirar os jovens das ruas.
“Dessa audiência, vamos dar um choque no nosso futebol amador e, com certeza, dar um choque no profissional. Todos os sábados e domingos passamos pelos campeonatos e vemos que são pessoas guerreiras que fazem os campeonatos, sempre tirando recursos do bolso para proporcionar esse lazer”, disse o vereador Francisco Saci.
Com uma série de depoimentos desanimadores sobre a atual situação do futebol amador, o major Mário Ângelo Ajala, conhecido nos campos de futebol amador de Campo Grande e coordenador do Campeonato do Terrinha, vê o fim do futebol de 11 amador. “Hoje podemos dizer que só existe futebol society, mas vejo muitos apaixonados pelo futebol e espero que cada um que está aqui hoje abrace essa causa e vamos fazer o ‘nosso’ campeonato”, destacou.
Outro participante bastante decepcionado com o futebol é o cronista esportivo e membro do “Mutirão Pró-Futebol”, Arthur Mário. Para ele é necessária atenção em todas as categorias. “De base, amador para o profissional voltar a ter destaque”. Essa é a mesma opinião do presidente da Liga Campo-grandense de Futebol e fundador da Federação de Futebol de MS, Aristides Cordeiro. “O futebol profissional só vai ser forte quando o futebol amador for forte”, reforçou.
Com a presença de vários representantes comunitários e organizadores de campeonatos, o que mais se ouviu foi o descaso do poder público, mais especificamente da Funesp (Fundação Municipal de Esportes). Para o líder comunitário das Moreninhas, Milton Emílio de Souza, “hoje não se consegue sequer uma bola. O futebol profissional acabou porque o amador não existe”.
Paulo Mansano, gerente de projetos da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul), lamentou a falta de atitude do município e o estado em que se encontram as praças desportivas e ginásios da cidade.
Para o estudioso da Lei Pelé e presidente da Liga de Futebol Profissional de MS, Major Gilberto dos Santos, é necessário resgatar o futebol brasileiro. “Os grandes nomes do futebol profissional surgiram no futebol amador”, disse.
O Vereador Saci conclamou aos participantes que dessa audiência seja criada uma comissão para elaborar esse projeto de lei. “Vamos ouvir todos os lados. Quem organiza os campeonatos, quem participa, que vai atrás dos recursos. Vamos ver todas as necessidades e criar esse grande projeto. Vamos começar com o futebol amador mas, quem sabe, consigamos contemplar outras modalidades. O importante é que hoje ficou claro que várias pessoas estão preocupadas com o nosso futebol amador e querem que algo seja feito em relação a isso”, finalizou.