Violência não ganha a razão

Violência não ganha a razão - Fundador e Presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional - Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo

Janguiê Diniz – Foto: Acervo Pessoal

O Brasil e o mundo assistiram às tristes cenas de violência e vandalismo em Brasília recentemente. Muito mais do que o patrimônio, foram atingidas a democracia e a República. Atacar as sedes dos três Poderes é um ato que não pode ser tolerado nem relativizado. Há diversas outras maneiras de se reivindicar pautas, quaisquer que sejam. Independentemente da posição política, uma escalada violenta jamais validará um discurso – muito pelo contrário, tem capacidade de fazê-lo cair por terra.

O que vimos foram imagens assustadoras, na mesma medida que revoltantes. A depredação do patrimônio público, com destruição dos belos edifícios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, afronta a memória nacional. No episódio, foram perdidos registros históricos, obras de arte, materiais importantes da gestão, enfim, nossa história. É irracional não ponderar sobre tudo isso antes de iniciar ação desse tipo. Reforço: esta nunca seria uma forma efetiva de jogar luz sobre uma reivindicação e, da maneira como ocorreu, acabou por minar as chances de êxito dos requerentes.

Violência não ganha a razão – Foto: Divulgação

Vivemos um processo eleitoral altamente disputado em 2022, cheio de faíscas e tensões. O povo brasileiro foi às urnas e decidiu quem seriam seus representantes. É da democracia saber ganhar e perder, festejar a vitória e reconhecer a derrota. Por vezes, surge o sentimento de indignação, que pode ser legítimo, mas este deve ser aplacado pela consciência de que, no regime político em que vivemos, a vontade da maioria é soberana. Há quatro anos pela frente para tentar, no próximo pleito, reverter o quadro. O que não condiz com uma sociedade democrática é questionar, sem provas, a legitimidade de um processo auditado à exaustão, com uma revolta geralmente vista em crianças que ainda não aprenderam a receber um ‘não’. Mais temerário é tensionar o tecido social e político em uma tentativa de reverter o resultado. Reforço: questionar, dentro da normalidade, é sempre bom e válido, bem como demonstrar a insatisfação; mas há que se saber o limite.

Me questiono qual seria o propósito ou a ideia de quem se propõe a perpetrar atos de vandalismo contra prédios públicos do centro do poder. Não se pode esperar que tal agenda surta real efeito, uma vez que, na contramão, apenas mancha a imagem dos protestantes. Para protestar ou reivindicar algo, é preciso agir com inteligência e usar a estratégia correta, a fim de alcançar o objetivo pretendido. A violência, no entanto, não levará a tal destino.

*Janguiê Diniz, fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional

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